Disco: “Badlands”, Dirty Beaches

/ Por: Cleber Facchi 07/01/2011

Dirty Beaches
Lo-Fi/Psychedelic/Rockabilly
http://www.myspace.com/dirtybeaches

Por: Cleber Facchi

Alex Zhang Hungtai ou como prefere ser chamado, Dirty Beaches é um cara singular. Filho de pais chineses, fissurado por filmes “B” dos anos 70 e 80, se diz inspirado pelo rockabilly, surf music e o rock de garagem dos anos 60, conta com fortes problemas para lidar com as pessoas e tem como seu único “amigo” um amplificador Ace Toner antiguíssimo. Em meio a tantas singularidades o som produzido por sua banda só poderia ser único.

Embora seu histórico já conte com mais de cinco anos de produções constantes, uma série de apresentações pela China, Estados Unidos e Canadá, onde reside na capital Vancouver, muito pouco ou quase nada é dito sobre o músico. Hungtai também não tem muito que dizer. Através das entrevistas concedidas em diversos blogs pela rede, o músico se mostra uma pessoa extremamente reservada que se foca unicamente na criação das texturas sujas para suas composições.

Mesmo dono de uma série de discos virtuais, singles e faixas esporádicas expostas em sua página no MySpace o primeiro álbum “de estúdio” do músico só sai agora em 2011. Denominado Badlands o disco é uma eficiente mostra do som poderoso e caótico do Dirty Beaches. Composto, tocado e gravado unicamente por Hungtai o álbum é conduzido por canções lo-fi inspiradas na psicodelia praieira da década de 1960 além de toques de rockabilly em que o músico surge como uma espécie de crooner excêntrico.

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As faixas se desdobram em meio a um minimalismo rebuscado por camadas sujas compostas por uma guitarra e uma bateria esparsa. Contudo são os overdubs de guitarra gerados pelo músico que vão construindo as faixas. As canções acabam por proporcionar um clima obscuro e parecem ser a trilha sonora de um baile de gala macabro, aos moldes dos filmes de David Lynch.

Em alguns momentos Badlands quase pende para um lado mais drone nas composições, contudo imediatamente os vocais de Alex Hungtai ou algum solo estranho de guitarra acaba puxando a música de volta aos eixos. Vale ressaltar que não há acessibilidade no som do Dirty Beaches. É como se as faixas fossem voltadas para o nicho dos nichos. As influências do músico (seja o rockabilly ou o garage rock) são absorvidas e reinterpretadas de uma maneira única, completamente distante do que foram em seus estágios iniciais.

Caracterizar faixas como Horses, Sweet 17 e True Blue como experimentais talvez seja até um erro. Alex Hungtai é um cara singular, e o som feito por ele exprime com eficiência sua própria concepção de mundo. Quem tiver coragem que se aventure pelas ondas distorcidas do Dirty Beaches ou então nem tente entendê-lo.

Badlands (2011)

Nota: 8.5
Para quem gosta de: Wavves, Julian Lynch e Real Estate
Ouça: A Hundred Highways


Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.