Final Summer (2024, Pure Noise) talvez seja o registro que mais se aproxima dos primeiros trabalhos do Cloud Nothings. Longe da atmosfera densa e explícita sensação de amadurecimento que marca Attack on Memory (2012) e Here and Nowhere Else (2014), dois dos principais trabalhos de projeto, Dylan Baldi e seus parceiros de grupo, Jayson Gerycz e Chris Brown, vão de encontro ao homônimo disco de estreia da banda, proposta que reforça o aspecto nostálgico do material, porém, pontuado por um toque de frescor.

Salve a homônima música de abertura, com seus mais de quatro minutos de duração, Final Summer traz de volta a mesma urgência explícita nos primeiros registros autorais da banda. Composições de dois a três minutos que combinam batidas rápidas e guitarras altamente melódicas, como um olhar curioso de Baldi para a produção da década de 1990. Um intenso e sempre direto fluxo de informações, ritmos e vozes que naturalmente deixa de lado o percurso sinuoso incorporado em álbuns como Life Without Sound (2017).

Ainda que a já citada canção de abertura seja um bom exemplo dessa fluidez que move o repertório de Final Summer, Baldi e seus colaboradores mantém essa mesma energia em alta durante toda a execução do trabalho. Em The Golden Halo, por exemplo, são guitarras e batidas rápidas que se completam pelo uso de coro de vozes que parecem grudar na cabeça do ouvinte. A própria Running Through The Campus, mesmo inaugurada de forma contida, aos poucos ganha forma, cresce e impulsiona o andamento do disco.

Claro que isso não interfere na entrega de composições densas e sujas, como um aceno para o material apresentado em Here and Nowhere Else. Exemplo disso pode ser percebido no som truculento de I’d Go Along. Declaradamente inspirada pelo som ruidoso do Earth, a canção leva as sempre ruidosas guitarras do disco para outra direção, bagunçando os rumos do trabalho. O mesmo pode ser percebido em Silence, música que soa como uma criação perdida do Hüsker Dü e outros projetos emblemáticos dos anos 1980.

É como se décadas de referências, ritmos e direções criativas fossem trituradas e remontadas dentro de um barulhento território criativo que parece pertencer somente aos membros do Cloud Nothings. Não há nada de necessariamente novo ou transgressor quando próximo de outras criações da banda, porém, tudo é tratado de forma tão intensa é fluida que é difícil não se deixar conduzir pelo material entregue em Final Summer. Canções que prontamente levam à faixa seguinte, garantindo maior dinamismo e força ao álbum.

Sem tempo para descanso, Final Summer é o tipo de registro que, ao alcançar a música de encerramento, instantaneamente leva o ouvinte pensar: “ué, mas já acabou?“. O resultado desse processo está na entrega de um material que não apenas exige, como merece ser revisitado diversas vezes até que seja absorvido na íntegra. E não há esforço algum nisso. Pelo contrário, tudo é tratado com tamanha naturalidade e potência que, uma vez introduzido ao intenso repertório do trabalho, escapar dele é uma tarefa quase impossível.

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