Disco: “B3 EP”, Placebo

/ Por: Cleber Facchi 06/11/2012

Placebo
Rock/Alternative/Indie
http://www.placeboworld.co.uk/

Por: Bruno Leonel

Tirando eventuais fanáticos, fãs xiitas e uma ou outra exceção, os ouvintes de Placebo podem ser divididos em 2 grandes grupos. Um deles acompanha fielmente os trabalhos que o trio lança até hoje, e continua com expectativa para ver os próximos discos de Brian Molko e cia. Já o outro, considera que a banda segue com a criatividade em queda livre há um bom tempo – sobretudo na fase após Sleeping with ghosts (2003) – e até pensam que o grupo já deveria ter encerrado a carreira após tantos trabalhos fracos. Não bastasse a banda abandonar a urgência, e as atmosferas envolventes, que chamaram atenção em sua fase inicial, o trio inglês parece a cada novo disco praticar frustradas tentativas de (re)fazer coisas que já executou antes, e que de fato, executou melhor. Alguns apenas não desejam o fim da banda para que, assim, possam ter chance de vê-los ao vivo, nesse caso, executando as canções antigas.

A julgar pelos últimos discos Meds de 2006 e o fraco Battle for the sun (2009), o ritmo do grupo veio seguindo um rumo preocupante – e com expectativas de descer ainda mais. Em 2012 o Placebo traz ao público um novo trabalho, um EP intitulado B3 com cinco faixas. Façamos a conta, a banda lança um disco de longa-duração, com qualidade abaixo do esperado, e após três anos, o que apresenta ao grande público é um apanhado de apenas meia dezena de faixas. Logo, se demoraram tanto tempo para a criação de tão pouco material, certamente deve ser porque o resultado tem grande qualidade em comparação ao disco anterior. Ou, nem tanto assim.

Embora o pequeno disco tenha seus bons momentos, é apenas mais do mesmo, e nesse caso, segue o mesmo rumo desanimado que já vinha mostrando antes. A produção de Adam Noble, parece ter dado relativo fôlego ao álbum, ainda que isso ocorra em poucas faixas. Um dos pontos altos é a canção título que abre o trabalho. B3 concentra sons eletrônicos aliados a boas guitarras que dão à ela um clima empolgante, candidata a melhor faixa do EP. Bateria truncada e baixo distorcido aparecem na faixa seguinte, o cover de I Know You Want to Stop da obscura banda Minxus, que a gravou em seu único álbum de 1995. Faixa interessante, se não fosse por ser redondamente similar à versão original.

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Ritmo lento e clima intimista pontuam a terceira faixa, The Extra, que até começa poderosa, mas se torna repetitiva após certo momento. O refrão conta com ecos de Depeche Mode, semelhante aos discos lançados ao longo da década de 1990, com clima sombrio e linhas de teclado pontuando o refrão, a voz de Molko soa quase como um murmuro por toda a canção. A próxima faixa I.K.W.Y.L. Incorpora uma sonoridade densa, calcada em guitarras melódicas e com uma atmosfera semelhante à faixas do primeiro álbum do grupo (o homônimo de 1996). Perto do meio da canção, há um clímax sonoro que resulta em um final dissonante, segundo ponto alto do disco. Como nem tudo são flores, a última música decepciona e aparece repleta de maneirismos e excessos de pose que remetem a coisas que outro grupo inglês tem cometido bastante esses tempos, o Muse. Os mais de 7 minutos da faixa, não deixam dúvida disso, já que ela segue arrastada e sem grandes destaques encerrando o EP.

De fato, duas faixas boas em um EP de cinco composições não é lá um número digno de orgulho, ainda mais quando levou tanto tempo para elaboração das mesmas. Embora, tanto tempo para a produção pode ter feito bem ao trio inglês para repensar sua parte criativa, B3 acaba soando irregular, ainda que, para os fãs mais otimistas. Entretanto é importante que alguma melhora notável apareça nos próximos discos, do contrário, a tendência é que novas faixas passem a substituir as antigas ao vivo e se isso ocorrer, em alguns anos não haverá motivo para que a banda continue existindo, pelo menos, para o segundo grande grupo dos fãs.

B3 (2012, Mercury)

Nota: 4.0
Para quem gosta de: The Kills, Muse e Depeche Mode
Ouça: B3

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.