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Crítica

SASAMI

: "Blood on the Silver Screen"

Ano: 2025

Selo: Domino

Gênero: Pop Rock

Para quem gosta de: Miya Folick e Jay Som

Ouça: Just Be Friends e In Love with a Memory

7.3
7.3

SASAMI: “Blood on the Silver Screen”

Ano: 2025

Selo: Domino

Gênero: Pop Rock

Para quem gosta de: Miya Folick e Jay Som

Ouça: Just Be Friends e In Love with a Memory

/ Por: Cleber Facchi 20/03/2025

Se em início de carreira SASAMI parecia interessada em estreitar laços com o rock, ampliando o que vinha testando como guitarrista ao lado de Cherry Glazer, Mitski e Soccer Mommy, a cada novo álbum de estúdio a relação com o pop passou a se intensificar. E isso fica ainda mais nítido quando mergulhamos em Blood on the Silver Screen (2025, Domino), trabalho que destaca o lado acessível da musicista norte-americana.

Do momento em que tem início, na já conhecida Slugger, notável é o esforço da cantora em destacar o uso dos sintetizadores e batidas eletrônicas, diminuindo o espaço antes dominado pelas guitarras. É como se a artista seguisse o mesmo caminho apontado por St. Vincent em Masseduction (2017), porém, preservando a própria identidade criativa, postura que embala a experiência do ouvinte até os minutos finais do álbum.

Exemplo disso fica bastante evidente em Just Be Friends. Enquanto batidas e bases ganham forma em uma medida própria de tempo, versos sempre marcados pela força dos sentimentos aproximam a musicista do ouvinte em um delicado exercício poético de exposição emocional. “Roubando beijos tristes e me deixando na chuva / Prometi a mim mesma que não acabaria aquiTalvez devêssemos ser apenas amigos”, canta.

Parte dessa mudança de direção vem da escolha de SASAMI em colaborar com novos parceiros criativos em estúdio. Enquanto o barulhento Squeeze (2022) abria passagem para a interferência de Kyle Thomas, músico conhecido pelo trabalho com o King Tuff, para o presente disco é Rostam Batmanglij (HAIM, Carly Rae Jepesen) e Jennifer Decilveo (Miley Cyrus, Kylie Minogue) que auxiliam a compositora nessa jornada.

O resultado desse processo está na entrega de músicas que não apenas aproximam SASAMI do pop, como evidenciam uma vulnerabilidade emocional poucas vezes antes percebida nos trabalhos da musicista. Do encontro com Clairo, em In Love With A Memory, passando por faixas como Slugger e a intensa Possessed, poucas vezes antes a guitarrista pareceu tão liberta quanto nas composições de Blood on the Silver Screen.

Apesar da mudança de direção, SASAMI ainda preserva traços dos antigos trabalhos. São faixas como Love Makes You Do Crazy Things e Honeycrash que posicionam as guitarras em primeiro plano, porém, partindo de um novo enquadramento. Instantes em que a artista traz de volta tudo aquilo que tem explorado desde o autointitulado registro de estreia sem necessariamente se deixar consumir pela nostalgia da própria obra.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.