Ano: 2025
Selo: 2MR
Gênero: Art Pop, Eletrônica
Para quem gosta de: Kelly Lee Owens e Jenny Hval
Ouça: Anna, Spades of Hearts e Agata Dreams
Ano: 2025
Selo: 2MR
Gênero: Art Pop, Eletrônica
Para quem gosta de: Kelly Lee Owens e Jenny Hval
Ouça: Anna, Spades of Hearts e Agata Dreams
Myrtus Myth (2025, 2MR) é um trabalho diferente de tudo aquilo que a cantora, compositora e produtora Kedr Livanskiy havia testado anteriormente. Centrado no estudo de mitos populares e pessoais, o registro deixa as batidas em segundo plano para destacar a força das vozes e sentimentos da artista moscovita que atravessou grande parte da última década em uma sequência de obras essencialmente voltadas às pistas.
Sequência ao material apresentado em Liminal Soul (2021), Myrtus Myth é uma obra que avança em uma medida própria de tempo. São ambientações etéreas, vozes tratadas como instrumentos e batidas sempre calculadas. Instantes em que Livanskiy deixa de lado a urgência de registros como Ariadna (2017) e Your Need (2019) para mergulhar em um repertório marcado pelo aspecto contemplativo das melodias e vozes.
Se por um lado essa mudança de direção impacta diretamente no ritmo da obra, conceito reforçado logo na introdutória Orpheus, por outro, concede ao ouvinte há tempos habituado ao trabalho da artista russa a passagem para um universo de novas possibilidades. Enquanto os versos destacam o lirismo existencial do registro, ambientações macias e melodias enevoadas levam a produção de Livanskiy para outras direções.
Claro que essa mudança de direção não distancia a moscovita por completo das pistas. Exemplo disso é o que acontece em Agata Dreams, faixa que segue a trilha etérea apontada logo nos minutos iniciais da obra, porém, estabelece nas batidas que flertam com a década de 1990 um destaque ainda maior. O mesmo pode ser percebido em Night Trains, canção que faz lembrar do som explorado por Kelela no EP Hallucinogen.
Embora possibilite a criação de faixas que concedam maior destaque às batidas, interessante perceber na produção de músicas que amarram passado e presente da produtora o estímulo para alguns dos melhores exemplares do trabalho. É o caso de Anna, um pop enevoado que evoca Kelly Lee Owens, mas em nenhum oculta a identidade criativa da artista russa, conceito reforçado no acabamento retrô de Spades on Hearts.
Disposta a explorar novas possibilidades, porém, preservando parte do que desenvolveu no decorrer da última década, Livanskiy se reinventa de maneira equilibrada. Ainda que falte ao registro a mesma fluidez explícita em alguns dos principais trabalhos da produtora, a busca por um repertório atmosférico encanta sem dificuldades e acaba tornando os raros momentos de diálogo com as pistas ainda mais interessantes.
Ouça também:
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.