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Crítica

Blawan

: "SickElixir"

Ano: 2025

Selo: XL Recordings

Gênero: Eletrônica

Para quem gosta de: Objekt e Djrum

Ouça: Nos, Rabbit Hole e SickElixir

8.0
8.0

Blawan: “SickElixir”

Ano: 2025

Selo: XL Recordings

Gênero: Eletrônica

Para quem gosta de: Objekt e Djrum

Ouça: Nos, Rabbit Hole e SickElixir

/ Por: Cleber Facchi 25/11/2025

Mesmo que tenha vivido um período bastante movimentado nos últimos anos, com direito a diferentes EPs, remixes e parcerias com outros artistas, desde o introdutório Wet Will Always Dry (2018), que o britânico Jamie Roberts, o Blawan, não regressava com um novo trabalho de estúdio. Entretanto, basta uma rápida audição de SickElixir (2025, XL Recordings) para perceber que esse longo período de espera valeu a pena.

Primeiro álbum de inéditas de Blawan em sete anos, SickElixir escancara a evolução do produtor. Marcado pela fragmentação das batidas, ruídos e momentos de maior experimentação, o disco evidencia o esforço do artista em não se repetir criativamente, jogando com as possibilidades a cada nova composição. É como se Roberts fizesse do caos seu principal aliado, proposta que torna impossível prever qualquer movimento.

Ainda assim, alguns elementos são bastante característicos e presentes durante toda a execução do álbum, como o uso da voz. Exemplo disso é o que acontece na música Rabbit Hole. Completa pela participação de Monstera Black, a canção se projeta como um remix torto daquilo que artistas como Tirzah têm explorado desde a década passada, levando o trabalho de Blawan para um novo e sempre inusitado território criativo.

Mesmo quando se articula de maneira solitária, a voz continua sendo a principal ferramenta de trabalho para o produtor. Em WTF, por exemplo, ela surge como um importante componente rítmico. Já em Don’t Worry We Happy, se transforma nas bases da canção que avança aos poucos, sem pressa. A própria The GL Lights, na abertura do disco, antecipa os experimentos vocais que serão ampliados ao longo do álbum.

Nada que diminua a força das batidas e texturas ruidosas que surgem durante toda a execução do disco. Segunda faixa do álbum, Nos torna isso bastante explícito, lembrando as experimentações de Aphex Twin na década de 1990. Essa mesma atenção aos detalhes e incontáveis atravessamentos de informações fica ainda mais evidente na faixa-título do material, canção que pontua o repertório do álbum com excelência.

Claro que esse caráter exploratório de Blawan nem sempre resulta em boas composições. São faixas como Weirdos United e Birf Song que mais parecem ensaios para aquilo que o produtor melhor desenvolve nas canções de destaque do disco. Ainda assim, notável é o empenho do artista em não se acomodar, proposta que torna o processo de audição do trabalho sempre fascinante, mesmo nos momentos menos expressivos.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.