Ano: 2025
Selo: Sony Music
Gênero: Rap, R&B
Para quem gosta de: BK e Djonga
Ouça: Garçom da Ausência e Pior Que o Mal
Ano: 2025
Selo: Sony Music
Gênero: Rap, R&B
Para quem gosta de: BK e Djonga
Ouça: Garçom da Ausência e Pior Que o Mal
De Kendrick Lamar a Black Alien, de Ebony a Tyler, The Creator, não são poucos os artistas que buscaram em sessões de terapia e reflexões sobre os males da mente o estímulo temático para a criação dos próprios trabalhos. Ainda que não pareça uma novidade, satisfatório perceber em Hasos (2025, Sony Music), novo álbum de inéditas de Baco Exu do Blues, uma obra que se aprofunda no gênero com notável sensibilidade.
Com título inspirado em um detalhe escondido por Caravaggio na tela Davi Com a Cabeça de Golias (1610), “H-AS OS”, uma abreviação em latim para a frase “a humildade mata o orgulho”, o álbum funciona como um passeio pela mente, traumas e as inquietações do artista soteropolitano. São canções que nascem como um convite à terapia e, ao mesmo tempo, um vulnerável exercício de exposição poética e emocional do rapper.
E isso se reflete não apenas no uso complementar de interlúdios com textos brilhantemente interpretados por atores como Fabrício Boliveira, Luiz Carlos Persy, Raphael Logam, Wesley Reis e Luellem de Castro, mas na forma como o artista se revela por completo. “Me falta coragem pra ficar sozinho”, confessa o rapper em Garçom da Ausência, colaboração com Mirella Costa que sintetiza essa vulnerabilidade poética do álbum.
É como delicado repertório concebido a partir de composições que revisitam as experiências vividas pelo artista, mas que se completam pela presença de nomes como Vanessa da Mata, Joyce Alane e Zeca Veloso, com quem divide a já conhecida Que Eu Sofra. Mesmo quando desfila solitário pelo interior do disco, como em Caravaggio Com Colar de Gandhy e Raiva da Morte, Baco mantém firme o intenso aspecto emocional.
Embora consistente na maior parte do tempo, Hasos perde parte do impacto ao ser entrecortado por uma série de faixas totalmente deslocadas ou que pouco acrescentam ao trabalho. É o caso de Romance Latino, parceria com o rapper Teto que talvez funcionasse melhor como um lançamento isolado, rompendo com a forte dramaticidade que vinha sendo construída pelo artista baiano desde o interlúdio com Galo de Briga.
A própria sequência de fechamento, formada por Sertão Sem Flor, parceria com Ivyson, e Um Pouco, junto de Carol Biazin, amarga o que parecia elegantemente pontuado em Assassinos de Saudade. É como se Baco trilhasse o caminho oposto ao da concisão explícita no antecessor QVVJFA? (2022), extendendo o trabalho para além do necessário e matando aos poucos o que ele próprio constrói com tamanha beleza e entrega.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.