Image
Críticas

Neko Case

: "Hell-On"

Ano: 2018

Selo: Anti-

Gênero: Indie Rock, Alt. Country

Para quem gosta de: Jenny Lewis e Gilian Welch

Ouça: Last Lion of Albion e Curse of the I-5 Corridor

7.8
7.8

Resenha: “Hell-On”, Neko Case

Ano: 2018

Selo: Anti-

Gênero: Indie Rock, Alt. Country

Para quem gosta de: Jenny Lewis e Gilian Welch

Ouça: Last Lion of Albion e Curse of the I-5 Corridor

/ Por: Cleber Facchi 18/06/2018

Neko Case é uma artista incansável. Em um intervalo de cinco anos, a cantora e compositora norte-americana não apenas deu vida a um de seus melhores trabalhos, The Worse Things Get, The Harder I Fight, the Harder I Fight, the More I Love You (2013), como colaborou na produção do delicado Case/Lang/Veirs (2016), parceria com as cantoras k. d. lang e Laura Veirs, além do pegajoso Whiteout Conditions (2017), último registro de inéditas ao lado dos parceiros do The New Pornographers.

Em Hell-On (2018, Anti-), sétimo e mais recente álbum de inéditas na carreira, Case segue exatamente de onde parou no último registro autoral. São pouco mais de 50 minutos em que versos confessionais, desilusões, conflitos intimistas e diferentes personagens se encontram no interior do trabalho. Um permanente desvendar da alma e sentimentos, como se a artista ampliasse parte do universo particular que vem sendo detalhado desde o amadurecer criativo em Blacklisted (2002).

Exemplo disso está na sequência de abertura do disco. Duas composições em que Case se projeta como personagem central do trabalho, se revelando como uma criatura misteriosa na homônima faixa de abertura (“E eu, eu não sou uma bagunça / Eu sou um deserto, sim / O continente desconhecido para você se despir / Mas você não será meu mestre“), ou mesmo em meio aos versos enigmáticos de Last Lion of Albion (“E você vai se sentir extinta / Quando você ver seu rosto no dinheiro deles“).

Nada que se compare à poesia descritiva de Curse of the I-5 Corridor. Trata-se de um ato centrado na fuga de uma personagem pela Costa Oeste dos Estados Unidos. Pouco mais de sete minutos em que Case passeia por entre paisagens instrumentais, pequenos respiros poéticos e arranjos que dialogam com o mesmo country-rock incorporado pela cantora no último álbum de inéditas. Um registro minucioso, completo pela breve interferência de Mark Lanegan, parceiro da artista durante toda a execução da faixa.

Convidado a participar da faixa, Lenegan está longe de ser o único colaborador do disco. Da produção assinada por Björn Yttling (Franz Ferdinand, Lykke Li), passando pelo time seleto de instrumentistas, cada faixa se abre para a breve interferência de um novo parceiro. Exemplo disso está em Sleep All Summer, composição que conta com a assinatura e voz de Eric Bachmann, além, claro, de Oracle of the Maritimes, faixa completa pelo encontro entre Case e a Laura Viers.

Dividido entre instantes de maior recolhimento, como na segunda metade do disco, e faixas marcadas pelo completo dinamismo das guitarras, caso de Bad Luck, Hell-On reflete a todo minuto a completa maturidade de Case, como se a cantora compositora norte-americana tivesse completo domínio sobre a própria obra. Um cuidado que se reflete tão logo a homônima faixa de abertura tem início e segue até a construção de Pitch or Honey, como um fino exercício da completa entrega da cantora.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.