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Crítica

Hayley Williams

: "Flowers For Vases / Descansos"

Ano: 2021

Selo: Atlantic

Gênero: Pop Rock, Rock, Follk

Para quem gosta de: Soccer Mommy e Taylor Swift

Ouça: My Limb e Over Those Hills

7.0
7.0

Hayley Williams: “Flowers For Vases / Descansos”

Ano: 2021

Selo: Atlantic

Gênero: Pop Rock, Rock, Follk

Para quem gosta de: Soccer Mommy e Taylor Swift

Ouça: My Limb e Over Those Hills

/ Por: Cleber Facchi 15/02/2021

Com o lançamento de Petals For Armor (2020), primeiro álbum em carreira solo, Hayley Williams se permitiu testar os próprios limites dentro de estúdio. O resultado desse processo está na entrega de músicas como Simmer, Leave It Alone e todo um fino repertório em que a vocalista e principal compositora do Paramore transforma inquietações, medos e conflitos pessoais em um precioso componente de diálogo com o ouvinte, proposta que ganha ainda mais destaque com a chegada do segundo e mais recente disco de inéditas da artista, Flowers For Vases / Descansos (2021, Atlantic).

Sequência ao material entregue há poucos meses, o registro produzido em parceria com australiano Daniel James, conhecido por trabalhar com nomes como Britney Spears e Selena Gomez, transporta as criações de Williams para um novo território criativo. Onde antes ecoavam incontáveis camadas de guitarras e sintetizadores sujos, hoje borbulham violões discretos e ambientações sempre delicadas, conceito que distancia a cantora de uma possível reciclagem de tendências e potencializa os versos que embalam a experiência do ouvinte até a derradeira Just a Lover.

A vida começou na sétima série / Quando mamãe e eu fugimos / Voltei da escola uma tarde / Ela estava esperando no carro por mim / Ela disse: ‘Não se preocupe’“, canta em Inordinary, música em que passeia por memórias da adolescência e sintetiza parte das experiências e conflitos pessoais detalhados ao longo da obra. São canções que costuram passado e presente, angústias e realizações de forma sempre confessional, como um convite a se perder em um território consumido pela força dos sentimentos, porém, sempre acolhedor, direcionamento também explícito em Petals For Arms.

A principal diferença em relação ao disco anterior está no ritmo adotado por Williams. Mesmo contando com uma duração menor que Petals for Armor, Flowers For Vases / Descansos se projeta como uma obra extensa, por vezes arrastada. É como se a cantora seguisse uma medida própria de tempo, envolvendo o ouvinte lentamente. Parte desse processo vem da parcial ausência da bateria e busca da artista pelo uso de temas acústicos, proposta que muito se assemelha ao material entregue por Taylor Swift durante o lançamento do também atmosférico Folklore (2020).

Mas isso não quer dizer que Williams seja incapaz de garantir ao público momentos de maior explosão. Exemplo disso acontece em Over Those Hills, música que parte de uma base acústica, porém, cresce à medida em que a voz e sentimentos da artista ganham forma. São camadas de pianos, batidas e vozes sobrepostas, tratamento que evoca Jenny Lewis nos momentos de maior transformação de obras como The Voyager (2014) e On the Line (2019). A própria My Limb, uma das primeiras composições do disco a serem apresentadas ao público, soa como uma sequência natural do repertório entregue em Petals for Armor, capturando a atenção do ouvinte logo nos primeiros segundos.

São justamente essas pequenas quebras conceituais que garantem maior fluidez ao trabalho. Instantes em que a cantora preserva o som diminuto apresentado logo nos primeiros minutos do disco, na introdutória First Thing to Go, porém, se permite ir além, incorporando incontáveis camadas instrumentais, melodias e vozes que garantem novo acabamento à obra. Da cômica captação caseira, logo nos primeiros minutos de HYD, passando pelas ambientações e memórias impressas na curtinha Descansos, tudo funciona como um precioso elemento de passagem para um universo próprio de Williams.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.