Arcade Fire: “Reflektor”

/ Por: Cleber Facchi 10/09/2013

Reflektor

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Poucos parecem capazes de replicar o mesmo sentimento de comoção com o lançamento de um novo álbum quanto o Arcade Fire. Desde que a banda canadense resolveu inventar virais e promover o lançamento de Black Mirror (2007) na internet, cada novo registro assinado pelo coletivo vai além do próprio teor lírico e instrumental que naturalmente o sustenta. São os misteriosos ângulos na capa de The Suburbs (2010), a experiência interativa com o Google Chrome no vídeo de We Used to Wait, o cenário sombrio do disco de 2007 e mais recentemente Reflektor. Quarto e ainda inédito registro em estúdio da banda, o novo álbum tem ocupado as últimas semanas com uma série de signos, mensagens ocultas, vídeos e uma sequência de pequenas marcas capazes de apontar para a estética atual do grupo. Sem a proposta em The Suburbs apresentava um regresso nostálgico às memórias de Win Butler, líder da banda, além de um paralelo com o sufocado homem moderno, hoje ele aponta para um terreno luminoso, quase de libertação.

Reflektor

Com o autointitulado primeiro single é exatamente isso que a banda define. Extensão natural ao que foi anunciado com Sprawl II (Mountains Beyond Mountains), no fechamento do último disco, a canção não apenas anuncia a presença de James Murphy (LCD Soundsystem), produtor do novo álbum, como revela parte expressiva do que deve guiar o grupo pelo registro. São ecos de David Bowie pós-Berlin (que inclusive participa timidamente da canção), a herança diluída do Talking Heads, um mergulho na eletrônica dos anos 1990 e toda uma avalanche de tendências que curiosamente se fazem novas nas mãos do grupo. Nada das orquestrações sublimes de Funeral (2004), apenas luz, sintetizadores e passos lentos de dança. Impulsionado por dois vídeos – o primeiro, um trabalho interativo assinado por Vincent Morisset, o segundo, um extenso clipe em preto e branco dirigido por Anton Corbijn -, Reflektor é a garantia de que a produção musical de 2013, mesmo carregada de grande sobras, ainda está longe de encontrar conforto, sendo o novo lançamento do Arcade Fire uma mínima representação disso.

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Arcade Fire – Reflektor

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.