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Crítica

Ariana Grande

: "Eternal Sunshine"

Ano: 2024

Selo: Republic

Gênero: Pop, R&B, Dance

Para quem gosta de: Selena Gomez e Carly Rae Jepsen

Ouça: We Can't Be Friends (Wait for Your Love) e Bye

7.6
7.6

Ariana Grande: “Eternal Sunshine”

Ano: 2024

Selo: Republic

Gênero: Pop, R&B, Dance

Para quem gosta de: Selena Gomez e Carly Rae Jepsen

Ouça: We Can't Be Friends (Wait for Your Love) e Bye

/ Por: Cleber Facchi 18/03/2024

Poucas vezes antes Ariana Grande pareceu tão vulnerável quanto em Eternal Sunshine (2024, Republic). Sétimo trabalho de estúdio da cantora e compositora norte-americana, o registro segue uma abordagem diferente em relação ao álbum que o antecede, Positions (2020), substituindo o uso de versos marcados pela forte sexualidade por composições que destacam a sensibilidade e melancolia dos temas. É como um aceno para o repertório de Sweetener (2018), porém, partindo de uma proposta delicadamente atualizada.

Conceitualmente influenciado pelo filme Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças (2004), de Michel Gondry, Eternal Sunshine, assim como a película que inspira, discute o peso da memória e o impacto das lembranças na formação e lenta desconstrução de um relacionamento. “Então eu tento limpar minha mente / Só para me sentir menos louca / Em vez de me sentir sem dor / Prefiro esquecer do que saber“, confessa a artista na própria faixa-título, reforçando o lirismo doloroso e tormentos que aos poucos consomem o disco.

São músicas que parecem dançar pelo tempo, resgatando memórias de antigos relacionamentos, traumas e problemas sentimentais não resolvidos. “Não podemos ser amigos / Mas eu gostaria de apenas fingir / Você se apega aos seus papéis e canetas / Espero até você gostar de mim novamente“, canta na melancólica We Can’t Be Friends (Wait for Your Love), canção em que mergulha nos próprios conflitos, porém, estreitando laços emocionais com o ouvinte e provando de um pop agridoce que evoca Robyn em Body Talk (2010).

Vem justamente dessa capacidade da artista em transitar por entre temas sensíveis, porém, preservando a leveza dos elementos, o grande charme de Eternal Sunshine. É o caso de Bye, canção em que reflete sobre a necessidade de romper com um antigo relacionamento, mas que instantaneamente conduz o ouvinte em direção às pistas. Esse mesmo teor dançante acaba se refletindo na já conhecida Yes, And?, criação que aproxima Grande do mesmo revivalismo da música house explorado por nomes como Beyoncé e Dua Lipa.

Nada que prejudique a inserção de faixas marcadas pela melancolia dos elementos. É o caso de Don’t Wanna Break Up Again, um R&B confessional que combina a dor explícita nos versos com a produção sempre meticulosa de Max Martin, lembrando as criações do artista sueco no final da década de 1990. A própria sequência de fechamento do disco, formada por músicas como I Wish I Hated You, Imperfect for You e Ordinary Things, soa como um contraponto equilibrado em relação ao bloco inicial do trabalho.

Embora coeso na maior parte do tempo, Eternal Sunshine esbarra em composições como The Boy Is Mine, releitura do clássico homônimo de Brandy e Mônica, e True Story, com suas batidas e bases carregadas, que parecem deslocadas em relação ao restante do trabalho, como se pertencentes ao repertório revelado em Dangerous Woman (2016) e Thank U, Next (2019). Pequenas distrações, mas que em nada diminuem o refinamento estético e entrega sentimental vivida pela artista durante toda a execução do repertório.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.