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Crítica

Asian Glow

: "11100011"

Ano: 2025

Selo: Longinus

Gênero: Indie Rock

Para quem gosta de: Parannoul e Sonhos Tomam Conta

Ouça: The Worst Way to Start an End e m0numental

7.6
7.6

Asian Glow: “11100011”

Ano: 2025

Selo: Longinus

Gênero: Indie Rock

Para quem gosta de: Parannoul e Sonhos Tomam Conta

Ouça: The Worst Way to Start an End e m0numental

/ Por: Cleber Facchi 24/01/2025

Mesmo dono de um extenso repertório que se acumula desde o início da presente década, o músico sul-coreano Gyn continua a surpreender a cada novo registro de inéditas do Asian Glow. Exemplo disso fica mais do que evidente com a escolha da intensa m0numental como música de abertura em 11100011 (2025, Longinus). São pouco mais de quatro minutos em que o multi-instrumentista vai do shoegaze ao emo em uma potente combinação de estilos que aponta a direção para cada uma das faixas que integram do disco.

Menos impactante, porém, tão interessante e musicalmente caprichada quanto a faixa que a antecede, Feel All the Time leva o trabalho para outras direções, destacando o forte aspecto emocional que orienta a obra. É como um preparativo para o que se revela de forma ainda mais complexa em The Worst Way to Start an End. Uma das principais músicas do registro, a canção de cinco minutos destaca a riqueza dos arranjos e vozes que, ao serem berradas, tornam a letra que trata sobre a ruptura de um casal ainda mais dolorosa.

Não por acaso, ao avançar para a canção seguinte, Out of Time, Gyn contrasta a melancolia da música que a antecede com um fino toque de esperança. “Está chegando mais perto agora / Apenas acenando com a mão”, canta o artista. Mesmo a base instrumental se projeta de maneira enérgica, como um complemento aos versos que ainda abrem passagem para a faixa-título do disco. Pouco menos de três minutos em que o compositor destaca ainda mais o direcionamento melódico da obra, como uma síntese criativa do material.

Essa mesma proposta criativa fica ainda mais evidente com a chegada de Camel8strike. Marcada pelo fino acabamento eletrônico, a composição faz lembrar dos primeiros trabalhos do M83, porém, preservando a identidade criativa do projeto sul-coreano. Pena que esse mesmo esmero no processo de gravação não se aplique à posterior Untitled *3, música que mais parece uma extensão menos interessante daquilo que o músico apresenta nos minutos iniciais da obra, diminuindo a sensação de impacto em torno do registro.

Entretanto, sempre que começa a perder fôlego, 11100011 logo desemboca em uma nova composição que destaca a força do trabalho. É o caso de Jitnunkebi (Winter’s Song). Faixa mais extensa do disco, a canção de sete minutos destaca a capacidade do artista em administrar os instantes dentro de cada música do registro. São incontáveis camadas instrumentais e diferentes propostas criativas que se entrelaçam em um labiríntico jogo de sensações bastante similar ao material incorporado pelos conterrâneos do Parannoul.

Satisfatório perceber essa mesma potência criativa até os momentos finais do trabalho. Escolhida para o encerramento do disco, Dorothee Thines combina tanto a urgência que marca os minutos iniciais da obra, como o experimentalismo sutil que orienta a porção seguinte do material. O próprio tratamento dado às batidas funciona como uma boa representação desse resultado, ampliando consideravelmente os limites do registro. Um turbulento exercício criativo que, mais uma vez, evidencia a potência do som de Asian Glow.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.