Image
Crítica

Asunojokei

: "Island"

Ano: 2022

Selo: Gerpfast Records

Gênero: Blackgaze, Pós-Hardcore

Para quem gosta de: Parannoul e Deafheaven

Ouça: Chimera e The Sweet Smile of Vortex

8.0
8.0

Asunojokei: “Island”

Ano: 2022

Selo: Gerpfast Records

Gênero: Blackgaze, Pós-Hardcore

Para quem gosta de: Parannoul e Deafheaven

Ouça: Chimera e The Sweet Smile of Vortex

/ Por: Cleber Facchi 27/12/2022

Original de Tóquio, no Japão, o Asunojokei é um quarteto formado pelos músicos Daiki Nuno (vocais), Kei Toriki (guitarra), Takuya Seki (baixo) e Saitō (bateria). Em atuação desde 2014, quando formado na região de Taitō, o grupo, a exemplo de tantos outros projetos alavancados por meio de plataformas como Bandcamp, acumula uma sequência de obras multidisciplinares, todas produzidas e gravadas de forma independente. São registros como o introdutório Awakening (2018), além de outros trabalhos menores, que destacam a capacidade da banda em colidir ideias de forma sempre provocativa e deliciosamente caótica.

Mais recente empreitada criativa do Asunojokei, Island (2022, Gerpfast Records) funciona como uma boa representação de tudo aquilo que caracteriza o som produzido pelo grupo. Marcado pelo permanente cruzamento de informações, o trabalho vai de um canto a outro sem necessariamente perder o próprio controle, como um acumulo do que existe de melhor na obra do quarteto. Canções que alternam entre versos berrados e momentos de maior contemplação, conceito reforçado na arquitetura versátil que marca a inaugural Heavenward, mas que acaba se refletindo até os minutos finais do disco, na intensa Thunder.

Entretanto, o que separa Island de outros exemplares do quarteto, incluindo o antecessor Wishes EP (2020), é a busca do grupo por uma sonoridade cada vez mais acessível, ainda que regida pela completa imprevisibilidade dos elementos. Segunda faixa do disco, Chimera funciona como uma boa representação desse resultado. Enquanto os versos refletem o lirismo existencial da obra (“Se pudéssemos misturar emoção e sentimentalismo e transformá-los em algo que pudéssemos levar com calma / Não ficaríamos enojados com a miséria da estrada para casa, nem cegados pelo brilho“), camadas de guitarras surgem e desaparecem a todo instante, arrastando o ouvinte para dentro de um delirante turbilhão de informações.

É como se diferentes estruturas fossem fatiadas e reorganizadas dentro da cada canção, o que torna a experiência de ouvir o trabalho sempre atrativa, única. Em Diva Under the Blue Sky, por exemplo, são guitarras melódicas que se espalham em meio a vozes sujas e batidas quase dançantes, como um complemento ao caráter esperançoso dos versos (“Torna-se a magia que faz com que todos vocês e eu nos entendamos / Eu nunca estou sozinho“). Composições que partem de experiências pessoais e referências literárias, porém, sustentam na fluidez dos arranjos um componente de imediato diálogo com o ouvinte.

Nesse sentido, Island vai de encontro ao mesmo território explorado pelo Parannoul em To See the Next Part of the Dream (2020). São canções que orbitam um universo bastante particular, porém, ampliadas pela sobreposição de elementos e estruturas que vão do pós-hardcore ao black metal em uma abordagem sempre simplificada, como se pensada para atrair a atenção do ouvinte. Nada que prejudique o esforço do Asunojokei em testar os próprios limites em estúdio. A própria The Sweet Smile of Vortex, com quase oito minutos de duração, é um bom exemplo de tudo aquilo que caracteriza o som turbulento do quarteto.

Dessa forma, entre pequenas experimentações e faixas pensadas para capturar a atenção do público logo em uma primeira audição, o quarteto evidencia todo seu poderio dentro de estúdio. Mesmo que muitos dos conceitos incorporados ao longo do registro pareçam resgatados de outras obras do gênero, prevalece na combinação de todos esses ingredientes o estímulo para a entrega de um material próprio da banda. Composições que partem do lirismo melancólico de Nuno, sempre centrado em conflitos de jovens adultos, porém, potencializados pela força dos instrumentos e interferência criativa de cada um dos colaboradores.

Ouça também:

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.