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Crítica

Being Dead

: "Eels"

Ano: 2024

Selo: Bayonet Records

Gênero: Indie Rock

Para quem gosta de: Dehd e Pixies

Ouça: Van Goes, Firefighters e Nightvision

8.0
8.0

Being Dead: “Eels”

Ano: 2024

Selo: Bayonet Records

Gênero: Indie Rock

Para quem gosta de: Dehd e Pixies

Ouça: Van Goes, Firefighters e Nightvision

/ Por: Cleber Facchi 07/11/2024

Segundo e mais recente trabalho de estúdio do Being Dead, dupla formada por Falcon Bitch (Juli Keller) e Shmoofy (Cody Dosier), Eels (2024, Bayonet Records) é uma viagem nostálgica em direção ao passado, mas que em nenhum momento parece perder a própria identidade criativa, leveza e bom o humor. São canções que apontam diretamente para o pop rock dos anos 1960 e 1970, como um amplo pano de fundo conceitual que aos poucos possibilita aos dois instrumentistas a incorporação de elementos próprios da banda texana.

Sequência ao material entregue em When Horses Would Run (2023), Eels consegue ser ainda mais diverso em relação ao trabalho que o antecede e, ao mesmo tempo, muito mais consistente. Dá escolha dos timbres ao posicionamento das vozes, sempre ecoadas, emulando o estilo de produção de grandes exemplares do surf rock, evidente é o esforço da banda em garantir um registro que orbita um mesmo universo temático.

Ainda que parte desse maior domínio criativo venha diretamente de Keller e Dosier, agora acompanhados pela baixista Nicole Roman-Johnston, para a realização do material, a dupla norte-americana contou com o suporte do experiente produtor John Congleton. O resultado desse processo está na entrega de uma obra que vai do pop ensolarado de Godzilla Rises ao rock cósmico de Gazing at Footwear sem necessariamente fazer disso o estímulo para um registro confuso, conceito que se reflete até os momentos finais do trabalho.

É como se Keller e Dosier, sempre regidos por Congleton, fossem ao encontro do mesmo território criativo explorado pelos integrantes do Pixies e o produtor Gil Norton em Doolittle (1989). A própria dinâmica das vozes, emulando as sobreposições de Black Francis e Kim Deal, torna isso ainda mais explícito. A diferença está na forma como a banda texana rompe com o lirismo inexato do grupo de Boston para investir em uma abordagem marcada por questões cotidianas e sentimentais, talvez previsíveis, porém íntimas do ouvinte.

Do mar vieram pessoas problemáticas / Andando de um lado para o outro / Reclamando nervosamente e se virando / Ainda bem que estou acordada agora”, canta Keller em Nightvision, sétima faixa do disco. São versos simples, sempre diretos e, consequentemente, trabalhados como importantes ferramentas dentro do enquadramento pop adotado pela banda. Afinal, é praticamente impossível passar por composições como Van Goes, Firefighters, Big Bovine e a cômica Rock n’ Roll Hurts sem que elas grudem na cabeça do ouvinte.

Mesmo quando avançamos para a segunda metade do disco, quando parte dos conceitos que caracterizam o registro são inteiramente revelados ao público e o excesso de canções começa a prejudicar o material, há sempre um componente que desperta a atenção do ouvinte. Do jogo de vozes em Love Machine, passando pela base distorcida de Ballerina, evidente é o esforço da banda em fazer de temas, arranjos e elementos há muito incorporados por diferentes artistas o estímulo para um trabalho marcado em essência pelo frescor.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.