Ano: 2025
Selo: Tonal Union
Gênero: Folk, Jazz, Instrumental
Para quem gosta de: Fabiano do Nascimento
Ouça: The Forest, Ocean e Tatara
Ano: 2025
Selo: Tonal Union
Gênero: Folk, Jazz, Instrumental
Para quem gosta de: Fabiano do Nascimento
Ouça: The Forest, Ocean e Tatara
A imagem em formação de uma peça sendo tecida na capa de Weft (2025, Tonal Union), mais recente obra de Jason Dungan como Blue Lake, sintetiza com exatidão tudo aquilo que o instrumentista norte-americano radicado na Dinamarca busca desenvolver com o presente trabalho. São composições que partem de uma base minimalista, como ideias ainda em formação, por vezes abstratas, mas que encontram na meticulosa sobreposição dos elementos o estímulo para um repertório caracterizado pela complexidade dos detalhes.
Sequência ao material entregue no também delicado Sun Arcs (2023), Weft estabelece logo na introdutória faixa-título parte dos elementos que serão incorporados ao longo do trabalho. Pouco mais de cinco minutos em que Dungan continua a posicionar o violão em primeiro plano, porém, estabelece no fino acréscimo de novos instrumentos, parte expressiva deles assumidas pelo próprio compositor, um universo de pequenos detalhes ainda maior e mais fascinantes do que aqueles explorados durante a entrega do registro anterior.
Entretanto, é com a chegada da composição seguinte, The Forest, que o trabalho de Dungan se revela por completo. Com pouco menos de dez minutos de duração, a faixa marcada pela lenta inserção dos arranjos leva o registro do compositor para outras direções. Do uso calculado dos pianos ao clarinete de Carolyn Goodwin, cada mínimo fragmento da canção destaca o capricho do músico e seus colaboradores. É como uma evolução natural de tudo aquilo que define a obra do Blue Lake desde a estreia com Moving (2020).
Satisfatório perceber esse mesmo esmero na elaboração de faixas mais curtas. É o caso de Oceans. Com pouco mais de três minutos de duração, a composição que já havia sido apresentada anteriormente pelo músico segue uma abordagem talvez reducionista quando próxima do restante da obra, mas não menos interessante. São movimentos calculados do violão que deixam de lado o forte aspecto transcendental do restante do álbum para provar do mesmo cancioneiro norte-americano de artistas como William Tyler.
Nada que pareça diminuir o espaço de composições profundamente complexas, ampliando ainda mais o campo de atuação de Dungan em estúdio. Exemplo disso fica mais do que evidente com a apresentação da extensa Tatara. De essência labiríntica, a canção de mais de dez minutos pode até seguir uma série de elementos bastante característicos do artista, porém, estabelece no uso de improvisos e diálogos com outros músicos, como Pauline Hogstrand (viola) e Tomo Jacobson (baixo), um sutil toque de renovação.
Esse mesmo caráter exploratório, porém, livre da mesma complexidade, acaba se refletindo até os minutos finais do trabalho, em Strata. Para a realização da faixa, Dungan deixa de lado o restante dos instrumentos para se concentrar apenas na cítara de 36 cordas construída por ele mesmo. São movimentos inexatos que partilham de conceitos testados pelo artista durante toda a execução da obra, mas em nenhum instante se repetem, evidenciando o cuidado e atenção aos detalhes do violonista até os momentos finais do registro.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.