Image
Crítica

Bombay Bicycle Club

: "My Big Day"

Ano: 2023

Selo: Mmm... / Island / AWAL

Gênero: Pop Rock

Para quem gosta de: Foals e The Maccabees

Ouça: Diving e I Want To Be Your Only Pet

7.2
7.2

Bombay Bicycle Club: “My Big Day”

Ano: 2023

Selo: Mmm... / Island / AWAL

Gênero: Pop Rock

Para quem gosta de: Foals e The Maccabees

Ouça: Diving e I Want To Be Your Only Pet

/ Por: Cleber Facchi 09/01/2024

Como muitas dos artistas que programaram seu retorno para o ano de 2020, os integrantes do Bombay Bicycle Club tiveram de lidar com um problema que definitivamente não estava nos planos da banda: a pandemia de Covid-19. Por conta disso, o aguardado Everything Else Has Gone Wrong (2020), primeiro trabalho de inéditas do grupo em seis anos, acabou se perdendo em meio a série de acontecimentos que culminou no período de isolamento social. Trancados em casa, os músicos Jack Steadman, Jamie MacColl, Suren De Saram e Ed Nash aproveitaram do tempo livre para logo investir em um novo disco de inéditas.

O resultado desse processo está na entrega de My Big Day (2023, Mmm… / Island / AWAL), trabalho que mais uma vez destaca o papel de Steadman como produtor e principal articulador criativo do projeto, mas que em nenhum momento exclui os demais parceiros de banda. São onze composições em que o quarteto inglês continua a transitar por entre estilos sem qualquer forma de apego, direcionamento que marca as criações do Bombay Bicycle Club desde os três primeiros e completamente distintos álbuns de inéditas do grupo, caso de I Had the Blues But I Shook Them Loose (2009), Flaws (2010) e A Different Kind of Fix (2011).

Com Just A Little More Time e I Want To Be Your Only Pet como composições de abertura, Steadman e seus companheiros de banda tornam essa pluralidade de elementos bastante evidente. Enquanto a faixa que inaugura o disco destaca a relação do grupo com o soul e a música psicodélica produzida entre os anos 1960 e 1970, a canção seguinte leva o álbum para outras direções. Do uso das guitarras que buscam por inspiração em nomes como The Beatles e Queens of The Stone Age, passando pela maior imposição das vozes, cada fragmento do registro destaca a potência criativa e versatilidade dos britânicos em estúdio.

Ainda que tudo isso pareça um subterfúgio para maquiar a formação das letras que pouco acrescentam quando próximas dos antigos trabalhos da banda, vide a própria faixa-título do disco, difícil não se deixar conduzir pelo som altamente cantarolável e arranjos caprichosos que orientam o repertório do grupo do início ao fim da obra. Mesmo quando utiliza de uma abordagem reducionista, como em Turn The World On, música que aponta diretamente para os anos 2000, evidente é o cuidado do quarteto. É como um acumulo natural das ideias e experiências que têm sido exploradas desde os primeiros registros autorais.

Mais do que isso, My Big Day é um espaço aberto ao diálogo com diferentes parceiros criativos. Logo na abertura do disco, Jay Som assume parte das vozes e versos em Sleepless, música que conta com letra adicional de beabadoobee. Minutos à frente, é Nilüfer Yanya quem brilha em Meditate, faixa sucedida pela deslocada Rural Radio Predicts The Rapture, mas que logo abre passagem para o pop reducionista de Heaven, com Damon Albarn. Nada que prepare o ouvinte para a ótima Tekken 2, colaboração com Chaka Khan que logo desemboca na graciosa Diving, completa pela conterrânea inglesa Holly Humberstone.

Sobrevive nesse permanente atravessamento de informações e diferentes vozes a real beleza dos som produzido pelo Bombay Bicycle Club em My Big Day. Mesmo que muitos dos caminhos apresentados ao longo da obra tenham sido explorados desde o amadurecimento artístico do grupo, em So Long, See You Tomorrow (2014), ao abrir as portas para outros parceiros criativos o quarteto sutilmente rompe com qualquer traço de conforto. É como um equilíbrio de forças. Canções que combinam elementos extraídos de outras fases da banda, porém, pontuadas por um fino e naturalmente necessário toque de renovação.

Ouça também:

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.