Ano: 2025
Selo: Jagjaguwar
Gênero: Art Pop, R&B, Folk
Para quem gosta de: Sufjan Stevens e Fleet Foxes
Ouça: Everything Is Peaceful Love e If Only I Could Wait
Ano: 2025
Selo: Jagjaguwar
Gênero: Art Pop, R&B, Folk
Para quem gosta de: Sufjan Stevens e Fleet Foxes
Ouça: Everything Is Peaceful Love e If Only I Could Wait
Nunca antes Justin Vernon pareceu tão feliz. E isso fica mais do que evidente em cada mínimo fragmento de Sable, Fable (2025, Jagjaguwar), obra que não apenas destaca o lirismo esperançoso do músico norte-americano, como leva o som do Bon Iver para outras direções. Um delicado exercício criativo que parte das experiências do compositor para dialogar de maneira bastante sensível com todo e qualquer ouvinte.
Conceitualmente dividido em duas partes, Sable, Fable estabelece no primeiro bloco de canções um aceno para os primeiros anos do músico, vide o direcionamento acústico que instantaneamente evoca For Emma, Forever Ago (2007). A diferença está na forma como Vernon rompe com a melancolia para destacar o teor ensolarado que orienta a formação dos versos. “O que era dor agora é ganho / Um novo caminho se abre”, canta em Awards Season, composição que pontua o ato inicial e abre passagem para o restante do registro.
Com Short Story como composição escolhida para inaugurar a segunda metade do trabalho, Vernon deixa bastante claro tudo aquilo que será explorado. São diálogos com o soul, melodias cristalinas e instantes de sutil experimentação que delicadamente ampliam os horizontes do registro. É como uma versão ainda mais acessível de tudo aquilo que o artista havia testado quase uma década antes no álbum 22, A Million (2016).
A própria escolha de Everything Is Peaceful Love como primeira música do disco a ser revelada ao público, em fevereiro deste ano, torna isso ainda mais claro. São pouco mais de três minutos em que Vernon deixa de lado o reducionismo acústico dos antigos trabalhos para se entregar ao pop. Essa mesma proposta volta a se repetir em outros momentos ao longo da obra, como no flerte com o R&B em Walk Home e I’ll Be There.
Parte dessa mudança de direção vem da escolha do próprio Vernon em dividir a produção do registro com Jim-E Stack. Conhecido pelo trabalho com artistas como Kacy Hill e Caroline Polachek, o produtor auxilia o músico na montagem do material que não apenas tende ao pop, como se abre para a chegada de diferentes parceiros criativos. É o caso de Flock of Dimes e Dijon, em Day One, e Danielle Haim, em If Only I Could Wait.
Interessante notar que, mesmo pontuado por diferentes atravessamentos de informações, estilos, melodias e vozes, Sable, Fable nunca soa de forma exagerada. Pelo contrário, tudo parece brilhantemente encaixado. É como um acúmulo sutil de tudo aquilo que Vernon tem explorado em mais de duas décadas de carreira, proposta que, vez ou outra, tende ao uso de pequenas repetições estilísticas, mas nunca deixa de encantar.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.