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Crítica

Built To Spill

: "When the Wind Forgets Your Name"

Ano: 2022

Selo: Sub Pop

Gênero: Indie Rock

Para quem gosta de: Dinosaur Jr. e Modest Mouse

Ouça: Gonna Lose e Spiderweb

7.5
7.5

Built to Spill: “When the Wind Forgets Your Name”

Ano: 2022

Selo: Sub Pop

Gênero: Indie Rock

Para quem gosta de: Dinosaur Jr. e Modest Mouse

Ouça: Gonna Lose e Spiderweb

/ Por: Cleber Facchi 20/09/2022

Passado o lançamento de Untethered Moon (2015), oitavo álbum de estúdio do Built To Spill, Doug Martsch disse adeus a Jim Roth e Brett Netson, com quem vinha colaborando desde a década de 1990, e seguiu em turnê com membros rotatórios. Em passagem pelo Brasil, conheceu os músicos João Casaes e Lê Almeida, os quais foram recrutados para as gravações de um novo registro de inéditas da banda. O resultado desse turbulento processo criativo, que ainda inclui a entrega de um trabalho de versões para a obra de Daniel Johnston, está nas canções que integram o recente When the Wind Forgets Your Name (2022, Sub Pop).

Naturalmente íntimo de tudo aquilo que caracteriza o som do Built To Spill, o trabalho de nove faixas e produção assinada pelo próprio Martsch concentra o que há de melhor na obra do projeto estadunidense. São canções melódicas que se completam pelo uso ruidoso das guitarras e versos capazes de grudar na cabeça do ouvinte logo em uma primeira audição. Um precioso exercício criativo que invariavelmente aponta para alguns dos principais registros da banda, como Perfect from Now On (1997) e Keep It Like a Secret (1999), porém, preserva sua identidade no tempero psicodélico que vai dos arranjos à imagem de capa.

Música de encerramento do trabalho, Comes a Day é um bom exemplo disso. Enquanto os versos se aprofundam em questões existenciais (“Chegará um dia em que nada irá permanecer / Nada fica para sempre / O cego pode ver toda a eternidade / O surdo pode ouvir para sempre“), camadas de guitarras surgem e desaparecem a todo instante, direcionamento que embala a experiência do ouvinte em um intervalo de mais de oito minutos de duração. É como um espaço aberto às possibilidades, conceito reforçado na segunda metade da faixa, quando Martsch brinca com a ruidosa sobreposição dos elementos.

Nada que inviabilize a construção de faixas marcadas pela urgência. Uma das primeiras composições do disco a serem apresentadas ao público, Understood funciona como uma boa representação desse resultado. Pouco mais de quatro minutos em que Martsch e seus parceiros administram ruídos, batidas e vozes de forma essencialmente enérgica. A própria música de abertura, Gonna Lose, com suas guitarras que evocam J Mascis, é outra que sintetiza parte da crueza que ecoa em momentos estratégicos da obra, proposta que garante ritmo e fluidez ao repertório apresentado em When the Wind Forgets Your Name.

Entretanto, sobrevive justamente no ponto de encontro entre esses dois extremos do material o estímulo para algumas das principais composições que abastecem o disco. É o caso de Spiderweb. Enquanto a bateria de Casaes aponta a direção seguida pelo artista, vozes carregadas de efeitos se espalham em meio a guitarras ruidosas, estrutura que faz lembrar das criações apresentadas pela banda em obras como You in Reverse (2006). O mesmo acontece nas canções seguintes, Never Alright e Alright. Um misto de calmaria e caos que evidencia o domínio criativo e potência de Martsch durante toda a execução do trabalho.

Típica criação do Built To Spill, When the Wind Forgets Your Name traz de volta uma série de elementos que fizeram do grupo um dos mais importantes da cena norte-americana, porém, sustenta nessa forte similaridade seu maior defeito. Salve exceções, parte expressiva da obra se sustenta na construção de faixas que se revelam ao público nos momentos iniciais, deixando os minutos finais para um já esperado solo de guitarra de Martsch. É como um molde conceitual. Estrutura que está longe de prejudicar o registro, porém, ecoa de forma bastante previsível para quem há tempos acompanha o som produzido pela banda.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.