Ano: 2025
Selo: Domino
Gênero: Rock
Para quem gosta de: Wilco e Bill Callahan
Ouça: Peace, Asphodel e Priestess
Ano: 2025
Selo: Domino
Gênero: Rock
Para quem gosta de: Wilco e Bill Callahan
Ouça: Peace, Asphodel e Priestess
Depois de vasculhar os próprios arquivos na ainda recente coletânea Seed Cake On Leap Year (2024), Cass McCombs entrega ao público mais um novo trabalho de inéditas, Interior Live Oak (2025, Domino). Síntese criativa do que há de mais característico na vasta obra do cantor e compositor norte-americano, o registro oscila entre momentos de maior calmaria e excitação que detalham sempre a construção de boas histórias.
Primeiro trabalho de estúdio do norte-americano desde o material revelado em Heartmind (2022), Interior Live Oak mostra um compositor inspirado. Mesmo marcado pelo volume excessivo de canções, estendendo o álbum para além do necessário, o capricho na elaboração das faixas e habitual refinamento dos versos torna o processo de audição do registro prazeroso até a execução da autointitulada música de fechamento.
Em geral, são composições que avançam em uma medida particular de tempo, com McCombs detalhando cenas descritivas, personagens ou mesmo tormentos pessoais. Exemplo disso fica bastante evidente em I Never Dream About Trains, música que avança aos poucos, sem pressa, usando imagens de trens, cowboys e paisagens como metáforas para memórias sentimentais idealizadas que o cantor insiste em não cultivar.
Entretanto, é quando se entrega à fluidez dos versos, arranjos e estruturas rítmicas que McCombs garante ao público algumas das melhores composições do trabalho. É o caso da ensolarada Peace, um jangle pop refrescante que não apenas rompe com o restante do álbum, como leva o repertório do músico para uma direção totalmente inesperada, soando como uma canção perdida do Real Estate ou outro nome do gênero.
Essa mesma abordagem irreverente pode ser percebida em outros momentos ao longo do registro, como em Asphodel, com suas guitarras e batidas rápidas, ou mesmo na faixa-título do trabalho, composição que sustenta na base ruidosa um diálogo com a obra de Jack White. Surgem ainda músicas bastante curiosas, como Juvenile, com seus teclados coloridos e efeitos que conduzem o ouvinte em direção aos anos 1960.
Claro que essa busca por novas possibilidades em nada prejudica a entrega de composições ainda íntimas dos antigos trabalhos de McCombs. Da atmosférica Missionary Bell, com versos que tratam sobre opressão e culpa religiosa, passando pela descritiva A Girl Named Dogie, sobram momentos em que o cantor resgata a própria essência, direcionamento que faz de Interior Live Oak o álbum mais completo do artista em anos.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.