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Crítica

Charm Mone

: "Corre"

Ano: 2024

Selo: Joint

Gênero: Pop, Rap, Eletrônica

Para quem gosta de: Urias e Linn da Quebrada

Ouça: Trembarbie, Mob e Dizpara

8.3
8.3

Charm Mone: “Corre”

Ano: 2024

Selo: Joint

Gênero: Pop, Rap, Eletrônica

Para quem gosta de: Urias e Linn da Quebrada

Ouça: Trembarbie, Mob e Dizpara

/ Por: Cleber Facchi 09/09/2024

A impactante imagem de capa de Corre (2024, Joint) funciona como um aviso: Charm Mone está pronta para o ataque. Estreia da cantora, compositora, rapper e DJ, o registro que conta com produção assinada em parceria com Carlos do Complexo diz a que veio logo nos primeiros minutos, em X. Partindo de uma combinação de canto e rima que se completa pela intensa construção das batidas, a artista atravessa um território marcado por conflitos e conquistas pessoais, mas que instantaneamente se conectam ao ouvinte.

São músicas que se resolvem em um intervalo de dois minutos, porém destacam a riqueza e ideias e fina sobreposição dos versos, conceito reforçado na já conhecida Mob, um rap delicioso que ainda se completa pela presença de EVYLiN. É como se cada faixa transportasse o ouvinte para um novo território criativo, vide a completa mudança de direção em Temporada de Caça, canção que materializa poeticamente a imagem de capa do disco e ainda desemboca no R&B eletrônico de Lies, parceria com Muse Maya e THS.

Com a chegada de Dizpara, a produção de Carlos do Complexo se projeta de maneira reducionista, porém dá destaque às rimas que mais uma vez deslizam com suavidade pelos ouvidos. “Puta evoluída não anda, desfila / Macho gostoso na agenda tem fila / Faz de travesseiro a bunda da diva / Me beija e me enforca, sabe que me excita“, provoca. São versos sempre instigantes, capricho que se reflete até a faixa seguinte, Ringring, música que chama a atenção pelo direcionamento dançante que embala a formação das batidas.

Nada que prepare o ouvinte para o que se revela em Dotada. Menos orientada ao pop, a faixa posiciona as rimas em primeiro plano, destacando a vulnerabilidade que explode em momentos estratégicos do álbum. “Nunca tive mãe / E o filho da puta do meu pai me jogou na rua, me pôs no banco / Dizia palavras de amor, mas no fundo sempre foi muito distante”, rima. Essa mesma atmosfera se reflete em Toxicode, canção que parte das experiências de pessoais Charm Mone, porém, se completa pela interferência do rapper Kayode.

Em Kamicazy, a artista mais uma vez dá destaque às rimas, entretanto esbarra na repetição dos temas que parecem melhor resolvidos em canções como Dizpara e Dotada. É como um respiro breve que antecede a fluidez explícita em All Love Is Gone. Passagem para o lado mais acessível do registro, a faixa mais uma vez evidencia a versatilidade de Charm Mone em estúdio, surge como um convite irrecusável a se perder nas pistas de dança e ainda abre passagem para a principal composição do trabalho: a potente Trembarbie.

Das batidas e texturas eletrônicas de Carlos do Complexo, passando pela construção dos versos que agora se completam pela participação de Tshawtty, tudo soa como um acumulo natural daquilo que Charm Mone busca desenvolver ao longo da álbum. Um insano cruzamento de informações que segue até a chegada da derradeira Control, faixa que começa pequena, quase discreta, porém ganha novas tonalidades e explode nos minutos finais, evidenciando a imprevisibilidade e força criativa que movimenta o trabalho da artista.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.