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Ano: 2015

Selo: Independente

Gênero: Rock, Rock Psicodélico

Para quem gosta de: Cérebro Eletrônico e Supercordas

Ouça: Land of Light e Besouros e Borboletas

9.0
9.0

Cidadão Instigado: “Fortaleza”

Ano: 2015

Selo: Independente

Gênero: Rock, Rock Psicodélico

Para quem gosta de: Cérebro Eletrônico e Supercordas

Ouça: Land of Light e Besouros e Borboletas

/ Por: Cleber Facchi 19/03/2020

Climáticos, sintetizadores se apresentam ao público em pequenas doses. Ao fundo, guitarras crescem ruidosas, sem pressa e livres de possíveis exageros. A bateria ocupa espaço com timidez, abrindo passagem para que a voz de Fernando Catatau ecoe de forma clara, como um suspiro aliviado: “até que enfim”. Seis anos após o lançamento de Uhuuu! (2009), os cearenses do Cidadão Instigado decidiram abandonar o experimentalismo lisérgico dos primeiros trabalhos de estúdio para investir em uma obra marcada pela completa lucidez: Fortaleza (2015). Fuga dos temas e arranjos complexos detalhados em O Ciclo da Decadência (2002) e Cidadão Instigado e o Método Túfo de Experiências (2005), o trabalho de ambientações acústicas mostra o esforço da banda, completa por Regis Damasceno, Clayton Martim, Rian Batista e Dustan Gallas, em provar de um repertório acessível, porém, sempre detalhistas, conceito que se reflete mesmo nos momentos de maior leveza da obra.

Misto de canto e repente, conceito reforçado na própria faixa-título do disco, Fortaleza ganha forma em meio a instantes de forte melancolia, medos e composições entregues ao mais completo delírio. São músicas como Perto de Mim (“Me acho na saudade / Para acabar com minhas mágoas / Pensando bem / Eu só queria ter você perto de mim“), Besouros e Borboletas (“Me diga o que passou que eu procuro pra você / Em cantos que eu nem vou / Só pra você perceber / Que estou mais velho“) e a delicada Land of Light (“A luz me derrete em lágrimas / Me afogando / Do que restou eu sou / Só me restou o amor“), uma das principais faixas do disco, em que a poesia de Catatau se espalha em meio a arranjos deliciosamente nostálgicos. Instantes em que o grupo cearense atravessa a psicodelia do Pink Floyd para mergulhar no romantismo árido de Zé Ramalho, proposta que orienta a experiência do ouvinte até a derradeira Lá Lá Lá Lá Lá Lá.



Este texto faz parte da nossa lista com Os 100 Melhores Discos Brasileiros dos Anos 2010 que será publicada ao longo das próximas semanas. São revisões mais curtas ou críticas reescritas de alguns dos trabalhos apresentados ao público na última década. Leia a publicação original.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.