Ano: 2025
Selo: Matador
Gênero: Experimental
Para quem gosta de: Nicolas Jaar e DJ Koze
Ouça: Graucha Marx, S.N.C. e American References
Ano: 2025
Selo: Matador
Gênero: Experimental
Para quem gosta de: Nicolas Jaar e DJ Koze
Ouça: Graucha Marx, S.N.C. e American References
Desde o começo da carreira, quando Nicolas Jaar e Dave Harrington passaram a se encontrar para sessões de improviso, o Darkside sempre foi encarado como um espaço marcado pelas possibilidades. E isso fica mais do que evidente não apenas nos trabalhos de estúdio da dupla, caso de Psychic (2013) e Spiral (2021), como nos registros ao vivo e até na inusitada releitura de Random Access Memories (2013), do Daft Punk.
Com o lançamento de Nothing (2025, Matador), terceiro e mais recente registro de inéditas da banda, Jaar e Harrington decidiram brincar não apenas com as possibilidades em estúdio, mas com o formato do próprio projeto. Não por acaso, para a elaboração do trabalho, a dupla contou com a percussão de Tlacael Esparza, baterista norte-americano que passa a atuar de forma integral junto aos dois instrumentistas do Darkside.
Partindo desse novo direcionamento criativo, Jaar e Harrington pervertem a evidente morosidade explícita em parte das canções de Spiral e ainda estabelecem no andamento rítmico proposto por Esparza um claro senso de renovação. Mesmo que algumas das músicas utilizem de uma abordagem contemplativa, como na atmosférica Heavy Is Good For This, prevalece durante toda a execução de Nothing a fluidez dos elementos.
Segunda música do trabalho, a já conhecida S.N.C talvez seja o melhor exemplo disso. Enquanto a guitarra e baixo suculento de Harrington se entrelaçam em um evidente aceno para Superstition, de Stevie Wonder, fragmentos de vozes, ruídos e batidas convidam o ouvinte a dançar. É como uma interpretação ainda mais complexa e musicalmente delirante daquilo que o próprio Jaar havia testado no paralelo Against All Logic.
E ela está longe de parecer a única composição de destaque no repertório de Nothing. Em Graucha Marx, são batidas aceleradas, sintetizadores e guitarras sempre carregadas de efeitos que apontam para a obra do Can. Já em American References, a percussão ritualista logo abre passagem para a inserção de ritmos latinos, como uma extensão do que Jaar testou em Piedras (2024). Surgem ainda preciosidades como Are You Tired? (Keep On Singing), música que vai do pop dos anos 1960 ao mais completo experimentalismo.
O problema é que essas grandes composições da banda acabam concentradas na porção inicial do disco, tornando o processo de audição do material menos interessante a partir de Heavy Is Good For This. Ainda assim, os momentos de maior improviso e percursos pouco usuais embalam a experiência do ouvinte até os minutos finais do trabalho, com o trio pervertendo o óbvio mesmo nos instantes de aparente calmaria.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.