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Crítica

Deafheaven

: "Lonely People With Power"

Ano: 2025

Selo: Roadrunner

Gênero: Black Metal, Pós-Rock

Para quem gosta de: Alcest e Chat Pile

Ouça: Magnolia, Heathen e Amethyst

7.8
7.8

Deafheaven: “Lonely People With Power”

Ano: 2025

Selo: Roadrunner

Gênero: Black Metal, Pós-Rock

Para quem gosta de: Alcest e Chat Pile

Ouça: Magnolia, Heathen e Amethyst

/ Por: Cleber Facchi 15/04/2025

Em um esforço de ampliar os próprios horizontes e garantir às cordas vocais de George Clarke um breve descanso, os integrantes do Deafheaven decidiram seguir uma abordagem diferente com Infinite Granite (2021). As vozes berradas continuam lá, porém, sempre pontuadas por momentos de maior calmaria que fizeram do álbum um dos mais divisivos na rica discografia do grupo original de São Francisco, Califórnia.

Satisfatório perceber nas canções de Lonely People With Power (2025, Roadrunner), sexto e mais recente trabalho de estúdio do grupo californiano, um registro que não apenas resgata a essência do Deafheaven, como ainda potencializa esse resultado. São paredões de guitarras, batidas sempre destacadas e as vozes guturais disparadas por Clarke. Um furioso exercício criativo que segue até os minutos finais do material.

Não por acaso, quando o disco foi anunciado, em janeiro deste ano, Magnolia foi a canção escolhida como preparativo para o que ainda estava por vir. Enquanto os versos destacam a relação com a morte (“Meu amor é infinito / Tudo em você sou eu, cada passo é em direção ao túmulo”), guitarras carregadas de efeitos e batidas rápidas avançam sobre o ouvinte com uma ferocidade digna de algum álbum perdido do Death.

É como um regresso ao mesmo território criativo de obras como Sunbather (2013), New Bermuda (2015) e Ordinary Corrupt Human Love (2018), porém, partindo de uma abordagem ainda mais direta. Claro que isso não interfere na entrega de faixas como a contemplativa Amethyst, com seus mais de oito minutos de duração. A própria sequência de fechamento do disco, formada por Winona e The Marvelous Orange Tree, funciona como uma boa representação dos temas atmosféricos que orientam parte das criações da banda.

Nesse sentido, difícil não pensar em Lonely People With Power como um ponto de equilíbrio criativo entre o passado e a recente fase do grupo californiano. Exemplo disso é o que acontece em Heathen, canção que parte de uma base suavizada, por vezes íntima do repertório apresentado em Infinite Granite, porém, aos poucos se transforma, resgatando a crueza que embala o trabalho da banda desde o começo da carreira.

Partindo dessa combinação entre passado e presente, o grupo ainda aproveita para estreitar laços com um time seleto de novos parceiros criativos, caso de Jae Matthews (Boy Harsher) e Paul Banks (Interpol), donos das vozes nas duas faixas incidentais do trabalho. Há espaço até para um coral, em Winona, prova de que mesmo em uma obra marcada por autorreferências, a banda tem sempre uma maneira de surpreender.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.