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Crítica

Death Cab For Cutie

: "Asphalt Meadows"

Ano: 2022

Selo: Atlantic

Gênero: Indie Rock

Para quem gosta de: The Shins e Band of Horses

Ouça: Roman Candles e Here To Forever

7.5
7.5

Death Cab For Cutie: “Asphalt Meadows”

Ano: 2022

Selo: Atlantic

Gênero: Indie Rock

Para quem gosta de: The Shins e Band of Horses

Ouça: Roman Candles e Here To Forever

/ Por: Cleber Facchi 22/09/2022

Death Cab For Cutie, como grande parte dos artistas com mais de duas décadas de carreira, já foi muita coisa. Se em início a banda parecia servir como um exercício de exposição sentimental para o vocalista e principal compositor, o músico Ben Gibbard, com o passar dos anos, o grupo de Bellingham, Washington, ampliou o próprio campo de atuação e transitou por diferentes estilos. O resultado desse processo está na entrega de um repertório essencialmente diverso, proposta que vai do flerte com o pós-rock, no cultuado Transatlanticism (2003), ao pop nostálgico que embala parte das composições em Codes and Keys (2011).

Prazeroso perceber em Asphalt Meadows (2022, Atlantic), décimo e mais recente trabalho de estúdio do grupo, uma obra que preserva traços da identidade do Death Cab For Cutie, porém, continua a provar de novas possibilidades e diferentes propostas criativas com a mesma curiosidade que há tempos orienta as criações da banda. São composições que partem da sensação de instabilidade vivida durante o período de isolamento social, porém, sustentam no lirismo esperançoso e evidente sobriedade dos temas abordados por Gibbard um precioso senso de renovação que acaba se refletindo até os minutos finais do registro.

Ouça o som do batimento cardíaco / Crescendo, ganhando velocidade / Você está expirando, inspirando / Nessas noites, não sei como sobrevivi“, confessa Gibbard logo nos minutos iniciais da obra, em I Don’t Know How I Survive. É como um mergulho na mente angustiada e tormentos vividas pelo artista norte-americano durante o período pandêmico, mas que parece sobreviver para além de um recorte específico. Canções, como tudo aquilo que o músico tem incorporado desde o introdutório Something About Airplanes (1998), que partem de uma abordagem sempre intimista para estreitar relações e capturar a atenção do ouvinte.

A diferença em relação a outros trabalhos da banda, sempre marcados pelo mesmo refinamento poético, está na potência dada ao repertório de Asphalt Meadows. São guitarras ruidosas, batidas destacadas e momentos de sutil experimentação que rompem com qualquer traço de comodidade. A própria escolha de Roman Candles como primeira composição do disco a ser apresentada ao público funciona como um bom exemplo desse resultado. Concebida a partir de uma base extraída do grupo germânico Faust, a canção encolhe e cresce a todo instante, como um reforço aos versos que tratam sobre a passagem do tempo.

Parte dessa mudança de direção vem da escolha do grupo, completo pelos músicos Nick Harmer, Jason McGerr, Dave Depper e Zac Rae, em colaborar com o experiente John Congleton (Angel Olsen, Phoebe Bridgers). Conhecido pelo aspecto ruidoso de suas criações, o produtor norte-americano parece ter sido a escolha perfeita para amarrar o repertório que vem sendo montado por Gibbard e seus parceiros desde o disco anterior, Thank You For Today (2018). É como se o artista assumisse a lacuna deixada por Chris Walla, ex-integrante do Death Cab For Cutie e responsável pela produção dos principais registros da banda.

Dispostos a arriscar, porém, acompanhados de um produtor capaz de organizar essas diferentes ideias propostas pela banda, Gibbard e seus parceiros fazem de Asphalt Meadows o trabalho mais completo e musicalmente desafiador do Death Cab For Cutie desde Narrow Stairs (2008). Enquanto composições como Foxglove Through The Clearcut trazem de volta a essência contemplativa do grupo de Bellingham, outras como Here To Forever, com suas batidas aceleradas e diálogos com o pós-punk, tensionam a experiência do ouvinte, transportam o álbum para um novo território e tornam o processo de audição sempre satisfatório.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.