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Ano: 2022

Selo: 100% Electronica

Gênero: Eletrônica, Vaporwave, Glitch Pop

Para quem gosta de: 100 gecs e Jockstrap

Ouça: Judgment Bolt e Neon Memories

7.9
7.9

Death’s Dynamic Shroud: “Darklife”

Ano: 2022

Selo: 100% Electronica

Gênero: Eletrônica, Vaporwave, Glitch Pop

Para quem gosta de: 100 gecs e Jockstrap

Ouça: Judgment Bolt e Neon Memories

/ Por: Cleber Facchi 28/12/2022

Darklife (2022, 100% Electronica), como tudo aquilo que os membros do Death’s Dynamic Shroud têm produzido desde a década passada, é uma obra feita para estimular a memória e provocar diferentes sensações no ouvinte. Concebido a partir de retalhos instrumentais, fragmentos de vozes e captações sempre carregadas de efeitos, o registro que conta com produção assinada por Tech Honors, James Webster e Keith Rankin mostra o grupo californiano em sua melhor fase. É como uma interpretação ainda mais complexa e frenética do repertório entregue durante o lançamento de I’ll Try Living Like This (2015).

E se a retrofuturista imagem de capa for incapaz de traduzir isso, Stay, música de abertura do trabalho, funciona como uma boa representação desse resultado. São pouco mais de cinco minutos em que vozes robóticas se espalham em meio a camadas de sintetizadores, batidas sempre fragmentadas e pequenos atravessamentos de informações. Instantes em que o trio de Los Angeles traz de volta tudo aquilo que tem sido incorporado desde os primeiros registros de inéditas, porém, de forma cada vez mais urgente e imprevisível, como um preparativo para o que chega logo em sequência, na inquietante Judgment Bolt.

A partir desse ponto, cada composição merece ser observada isoladamente, afinal, parte expressiva do som produzido pelo Death’s Dynamic Shroud se sustenta no uso de pequenas quebras instrumentais, rítmicas e estéticas. Um bom exemplo disso acontece em Fall For Me. Inaugurada em meio a harmonias de vozes sintéticas, a faixa pouco a pouco se transforma em um labirinto de sensações, lembrando as criações de Oneohtrix Point Never em registros como R Plus 7 (2013) e Garden o Delete (2015). Canções que partem de uma abordagem bastante específica, mas que logo assumem novos contornos e propostas criativas.

Claro que essa permanente fragmentação dos elementos em nenhum momento resulta na construção de um material desorientado ou minimamente confuso. Do momento em que tem início, na já citada Stay, passando pela entrega de composições como a atmosférica I Just Wanted To Know Love e o flerte com o R&B, em Rare Angel, tudo gira em torno de um mesmo conjunto de elementos, timbres e efeitos bastante característicos. De fato, desde registros como Heavy Black Heart (2017) que o trio não revelava ao público um repertório tão consistente, esmero que se reflete até os minutos finais do trabalho, em Dark Matter.

O mais interessante talvez seja perceber que mesmo dentro desse conjunto de regras próprias, Darklife estabelece momentos de maior transformação e busca por diferentes direções criativas. Exemplo mais significativo disso acontece logo nos minutos iniciais do registro, em Neon Memories. Na contramão do restante do trabalho, a faixa chama a atenção pela sutileza das vozes e criativo diálogo com a música psicodélica, proposta que faz lembrar de nomes como Panda Bear. O mesmo acontece em Where Does It Come From, composição que rompe com os temas futurísticos da obra e aponta para a década de 1970.

Com todos esses componentes em mãos, diferentes propostas criativas, ritmos e estruturas, o grande problema de Darklife, assim como os registros que o antecedem, está no excesso de informações e na construção de um repertório que se estende para além do necessário. Salve excessões, como as já citadas Where Does It Come From? e Rare Angel, muitos dos elementos apresentados na segunda metade do disco soam como repetições do bloco inicial, resultando em uma obra inchada. São pequenos acréscimos que tendem a consumir a experiência do ouvinte, mesmo preservando o caráter delirante do trio californiano.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.