Image
Crítica

Deize Tigrona

: "Não Tem Rolê Tranquilo"

Ano: 2024

Selo: Independente

Gênero: Funk, Eletrônica

Para quem gosta de: Badsista e Tati Quebra Barraco

Ouça: 25 de Abril e Não Tem Rolê Tranquilo

7.6
7.6

Deize Tigrona: “Não Tem Rolê Tranquilo”

Ano: 2024

Selo: Independente

Gênero: Funk, Eletrônica

Para quem gosta de: Badsista e Tati Quebra Barraco

Ouça: 25 de Abril e Não Tem Rolê Tranquilo

/ Por: Cleber Facchi 22/03/2024

Deize Tigrona vive hoje a melhor fase da carreira. Depois de ser revelada à uma nova parcela do público com o lançamento de Foi Eu Que Fiz (2022), primeiro disco de inéditas após um longo período longe dos estúdios, a artista retorna agora com Não Tem Rolê Tranquilo (2024, Independente). São sete faixas que não apenas destacam a capacidade da cantora carioca em transitar por entre estilos de forma totalmente inventiva, como estreitam laços com outros parceiros e levam o ouvinte a percorrer direções inimagináveis.

Logo de cara, em Vilão, a artista acena para o próprio passado, lembrando o estilo de produção dos anos 2000, porém, estabelece nas batidas de Iasmin Turbininha um diálogo com o presente. Menos de três minutos em que a funkeira garante ao público uma faixa deliciosamente picante e que parece feita para grudar na cabeça do ouvinte. Um eufórico jogo de batidas e vozes que contrasta com a posterior LSD, um rap em marcha lenta produzido por LARINHX e que revela o lado mais sensível, mas não menos humorado da cantora. “Abri meu coração / Minha xota pra tu / Em troca eu queria / Poder comer seu cu“, rima Deize.

Nada que prepare o ouvinte para o que se apresenta em 25 de Abril, inusitada parceria com os goianos da Boogarins. Enquanto a letra da composição soa como um convite a se perder em uma noite de sexo e excessos (“Vem junto, vem na fé / Aqui ninguém é de ninguém / Nem homem, nem mulher“), batidas e bases psicodélicas levam o trabalho para um novo território criativo. É como se a artista carioca fosse de encontro ao tipo de sonoridade explorada pelos colaboradores, porém, preservando a própria identidade.

Esse mesmo esforço em ampliar o próprio território criativo fica ainda mais evidente com a chegada da composição seguinte, Prazer Sou Eu. Mais uma vez acompanhada de LARINHX, a artista deixa de lado a aceleração explícita no restante do trabalho para mergulhar em um R&B provocante. Entretanto, é com a entrega da própria faixa-título, minutos à frente, que Tigrona realmente diz a que veio. Reencontro com Badsista, com quem havia colaborado no registro anterior, a cantora se joga nas pistas em uma insana combinação de sintetizadores, vozes e batidas pulsantes que aproximam a funkeira da música trance.

Com a chegada de Bctnh Ploc Ploc, sexta composição do disco, a artista segue a trilha dançante da música anterior, porém, volta a estreitar laços com o funk. Para a realização da faixa, Tigrona contou com o suporte dos holandeses Ruben Kluit e Addik Sipkes, do KD Soundsystem. O resultado dessa colaboração está na entrega de uma canção que pouco avança criativamente, soando como uma sobra do primeiro álbum da cantora, Garota Chapa Quente (2008), mas que em nenhum momento deixa de atrair a atenção do ouvinte.

Escolhida como música de encerramento do material, Massagem mais uma vez leva a artista para dentro do universo criativo de LARINHX, desacelera e pontua o registro com sensualidade. “Me faz relaxar, gemer e delirar / Não tem corda de alpinista / Nos seus dedo eu vou voar“, canta Tigrona enquanto referencia o próprio trabalho em Sadomasoquista. São batidas, melodias e vozes cuidadosamente encaixadas, como uma fuga em relação ao restante da obra, mas que concede ao disco o fechamento mais do que adequado.

Ouça também:

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.