Image
Crítica

Djonga

: "Heresia"

Ano: 2017

Selo: Ceia Ent.

Gênero: Hip-Hop, Rap, Trap

Para quem gosta de: BK e Hot & Oreia

Ouça: Esquimó e Corre das Notas

8.8
8.8

Djonga: “Heresia”

Ano: 2017

Selo: Ceia Ent.

Gênero: Hip-Hop, Rap, Trap

Para quem gosta de: BK e Hot & Oreia

Ouça: Esquimó e Corre das Notas

/ Por: Cleber Facchi 29/04/2020

Você não precisa ir além de Corre das Notas, faixa de abertura de Heresia (2017), para ser prontamente arrastado para dentro do primeiro álbum de estúdio do mineiro Djonga. “Pista salgada como água do mar / Chamem o bombeiro / A maioria não sabe nadar / Apesar de ser egoísta / E não transformar nada em vinho / Eu sou profeta e como / Cristo me coroaram com espinhos“, rima enquanto prepara o terreno para o restante da obra. São versos perfumados pelo aroma da morte, conflitos existencialistas e instantes de profunda inquietação. Um turbulento exercício criativo que ganha ainda mais desataque em músicas como Esquimó (“Tem quem tem problema abstrato / Quem zera o extrato / Tem quem não sabe mais, com o que gastar o extrato / Tão pra rescindir seu contrato, tipo, fala como um papagaio / Só que age como um rato, minha rima é o gato“), mas que orienta de maneira insana a experiência do ouvinte até a derradeira O Mundo É Nosso, bem-sucedida colaboração com o rapper carioca BK.

Ponto de partida para uma sequência de grandes obras lançadas por novos representantes da cena mineira, Heresia, como o próprio título indica, encontra na perversão de velhos conceitos a base para grande parte das faixas. Canções que passeiam por temas como religião, sexo, criminalidade e racismo de forma sempre provocativa, crua, conceito que seria reforçado de maneira ainda mais explícita no álbum seguinte, o também político O Menino Que Queria Ser Deus (2018). Da imagem de capa do disco, uma releitura do clássico Clube da Esquina (1972), de Milton Nascimento, passando pela composição dos versos, cada fragmento do álbum reflete a força e identidade criativa de Djonga, indicativo de tudo aquilo que seria entregue pelo artista mineiro nos próximos anos.



Este texto faz parte da nossa lista com Os 100 Melhores Discos Brasileiros dos Anos 2010 que será publicada ao longo das próximas semanas. São revisões mais curtas ou críticas reescritas de alguns dos trabalhos apresentados ao público na última década. Leia a publicação original.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.