Image
Crítica

Dummy

: "Free Energy"

Ano: 2024

Selo: Trouble In Mind

Gênero: Indie Rock

Para quem gosta de: Being Dead e Hotline TNT

Ouça: Soonish, Nine Clean Nails e Nullspace

8.0
8.0

Dummy: “Free Energy”

Ano: 2024

Selo: Trouble In Mind

Gênero: Indie Rock

Para quem gosta de: Being Dead e Hotline TNT

Ouça: Soonish, Nine Clean Nails e Nullspace

/ Por: Cleber Facchi 20/12/2024

O grande charme de olhar para o passado em busca de inspirações para a própria obra não está em fazer disso um exercício nostálgico ou puramente referencial, mas em encontrar os componentes corretos para a criação de algo novo. Segundo disco de inéditas da banda californiana Dummy, Free Energy (2024, Trouble In Mind) funciona como uma boa representação disso. São composições que apontam de maneira curiosa para a produção dos anos 1990, contudo, preservando traços de uma identidade genuinamente particular.

Sequência ao material apresentado em Mandatory Enjoyment (2021), Free Energy segue de onde o grupo formado por Alex Ewell, Emma Maatman, Nathan O’Dell e Joe Trainor parou há três anos, porém, amplia seus domínios. Do uso das guitarras, passando pelo tratamento aplicado aos vocais e batidas, tudo parece conduzir o ouvinte em direção ao passado. Entretanto, diferente de outros nomes do gênero, como Hotline TNT e Feeble Little Horse, o quarteto parece pouco interessado em se manter preso a um único formato.

Basta uma rápida audição para perceber a forma como o grupo de Los Angeles vai de um canto a outro do trabalho sem necessariamente fazer disso o estímulo para um material desequilibrado. São canções que se resolvem em um curto intervalo de tempo, contudo, estabelecem, mesmo nessa breve duração, a passagem para estruturas complexas. Um colorido catálogo de ideias que instantaneamente evoca nomes importantes como My Bloody Valentine, Rocketship, Stereolab, Pale Saints, Lush e diferentes projetos do mesmo período.

Sexta faixa do disco, Nullspace talvez seja a composição que melhor sintetiza isso. São pouco menos de três minutos em que camadas de guitarras, efeitos borbulhantes e batidas marcadas se entrelaçam de forma a complementar as vozes dobradas de Maatman e O’Dell. Instantes em que o grupo deixa de lado a produção local dos anos 1990, na época dominada pela atmosfera suja do grunge, para mergulhar na cena inglesa. A própria Unshaped Road, com ecos da psicodelia de Cocteau Twins e Primal Scream, é outro exemplo disso.

Entretanto, como indicado desde o lançamento do disco anterior, o grupo de Los Angeles sempre pareceu interessado em testar os próprios limites em estúdio, mantendo firme o caráter exploratório do trabalho. O resultado desse processo está na entrega de verdadeiras preciosidades como Nine Clean Nails. Enquanto os minutos iniciais da canção vão ao encontro do pós-punk inglês da década de 1980, minutos à frente, a faixa se transforma, fazendo do ritmado encontro entre a guitarra e a bateria um diálogo com o krautrock.

Enquanto se revela ao público como uma obra conceitualmente ampla, Free Energy potencializa uma série de outros elementos testados pela banda em Mandatory Enjoyment. A própria Soonish, posicionada logo nos minutos iniciais do registro, funciona como uma boa representação do misto de pop psicodélico e shoegaze que marca o lançamento anterior. É como um vasto conjunto de ideias, diferentes estilos e novas propostas criativas que, ao serem organizadas em estúdio, ajudam a estabelecer a essência do Dummy.

Ouça também:

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.