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Ano: 2023

Selo: Independente

Gênero: Indie Rock

Para quem gosta de: Las Ligas Menores e Los Planetas

Ouça: Medalla de Oro e Diamante Roto

7.6
7.6

El Mató A Un Policía Motorizado: “Súper Terror”

Ano: 2023

Selo: Independente

Gênero: Indie Rock

Para quem gosta de: Las Ligas Menores e Los Planetas

Ouça: Medalla de Oro e Diamante Roto

/ Por: Cleber Facchi 20/07/2023

Súper Terror (2023, Independente) é o típico caso de um registro que só uma banda com muitos anos de carreira e pleno conhecimento sobre a própria obra poderia desenvolver. Primeiro disco de inéditas do grupo argentino El Mató A Un Policía Motorizado desde La Síntesis O’Konor (2017), trabalho que ainda resultou em uma boa coletânea de sobras, La Otra Dimensión (2019), o álbum traz de volta a essência dos primeiros lançamentos do quinteto na mesma medida em que se permite provar de novas possibilidades e direções criativas. Um colorido catálogo de ideias que se estende da imagem de capa aos arranjos e versos.

Inaugurado por Un Segundo Plan, o trabalho apresenta logo nos minutos iniciais parte dos conceitos que serão explorados pelos músicos Santiago Barrionuevo (voz, baixo), Guillermo Ruiz Diaz (bateria), Manuel Sanchez Viamonte (guitarra), Gustavo Monsalvo (guitarra) e Agustín Spassoff (teclados). “Depois de tanto caminhar / E ver os dias dourados passarem / É hora de um segundo plano“, cresce a letra da composição marcada pela forte aplicabilidade, mas que funciona como um fino retrato da vida pós-pandemia de Covid-19, reforçando a sensação de deslocamento e necessidade de recomeço que tematicamente orienta o disco.

São canções marcadas pela melancolia e forte aspecto confessional dado aos versos, porém, pontuadas por melodias radiantes que refletem a capacidade do grupo, hoje com duas décadas de carreira, em dialogar com a música pop. Exemplo disso fica bem representado em Diamante Roto, faixa que vai de encontro ao mesmo território criativo explorado por nomes como Phoenix sem necessariamente perverter a identidade da banda argentina. “Eu perco tempo esperando por seus sinais … Eu perco por você“, canta Barrionuevo em meio a guitarras cuidadosamente encaixas e sintetizadores que grudam logo em uma primeira audição.

É como uma interpretação ainda mais acessível de tudo aquilo que o grupo de La Plata tem incorporado desde o início da década passada, vide o salto criativo dado em La Dinastía Scorpio (2012). Outro aspecto bastante característico diz respeito ao olhar curioso da banda para a música produzida nos anos 1980. Da escolha dos timbres ao uso sempre destacado dos sintetizadores, tudo aponta para o passado sem necessariamente fazer disso o estímulo para uma obra prostituída pela nostalgia barata. Composições que evocam nomes como Tears For Fears, como em Tantas Cosas Buenas, contudo, sempre íntimas do quinteto.

Embora parta de um esforço da banda em dialogar com uma sonoridade menos ruidosa em relação aos primeiros trabalhos de estúdio, Súper Terror garante ao público diferentes composições que resgatam a essência de registros como Navidad de Reserva (2005), Un Millón de Euros (2006) e Día de los Muertos (2008). É o caso de Medalla de Oro. Faixa mais extensa do disco, a canção parte de uma base contida, por vezes íntima do som cristalino presente no restante da obra, mas que ganha novos contornos à medida que a poesia entristecida de Barrionuevo se entrelaça em meio a camadas de guitarra, texturas e distorções.

Por conta dessa capacidade do grupo argentino em transitar por entre estilos de forma sempre eficiente, Barrionuevo e seus parceiros de banda garantem ao público uma obra que preserva a própria essência na mesma medida em que introduz o quinteto a um novo território criativo. Um misto de passado e presente que invariavelmente resulta em pequenas repetições estruturais, principalmente na segunda metade do disco, quando parte das ideias reveladas na porção inicial ecoam de forma menos impactante, mas que em nenhum momento deixam de evidenciar o esmero de cada integrante no processo de feitura do material.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.