Ano: 2025
Selo: Domino
Gênero: Eletrônica
Para quem gosta de: Kelly Lee Owens e Sofia Kourtesis
Ouça: Broken, Onwards e Combat
Ano: 2025
Selo: Domino
Gênero: Eletrônica
Para quem gosta de: Kelly Lee Owens e Sofia Kourtesis
Ouça: Broken, Onwards e Combat
Ela Minus é um desses casos raros de uma artista que, mesmo voltada às pistas, sempre manteve um forte discurso político em seus trabalhos. E não poderia ser diferente. Nascida em Bogotá, na Colômbia, no início dos anos 1990, a produtora que integrou a cena punk/hardcore local encontrou no lirismo contestador o estímulo para as próprias composições em carreira solo. São registros marcados pelo caráter provocativo, conceito reforçado no inaugural Acts of Rebellion (2020), mas que ganha ainda mais força em Día (2025).
“Eu continuarei escrevendo melodias / Para cantar pra longe a escuridão / À qual sucumbimos”, canta logo nos minutos iniciais do trabalho, em Broken, música que, ao ser precedida pela atmosférica Abrir Monte, trata de ambientar o ouvinte ao conceito da obra. Em geral, são composições que partem de experiências e sentimentos particulares de Minus, mas que em nenhum momento deixam de observar o cenário ao redor.
A principal diferença em relação ao disco anterior, também marcado pelo mesmo direcionamento criativo, está na forma como Día surge como um chamado contra a opressão. Enquanto Acts of Rebellion alertava sobre a chegada de tempos sombrios, o presente registro vai direto ao ponto, destacando a potência das batidas e vozes. “Pássaros nascidos em gaiolas, não temos medo de nada / Eles pensaram que não íamos lembrar de voar … Não pare até queimar tudo”, canta a artista na intensa música de encerramento, Combat.
Mesmo quando mergulha fundo nos próprios sentimentos, a cantora mantém firme a urgência e força dos versos. “Hoje é o primeiro dia da minha vida / Eu joguei o fósforo, ateei fogo em tudo”, canta na libertadora Onwards. A própria Upwards, revelada pela artista ainda no último ano, ganha novo significado quando observada agora como parte do disco, reforçando o domínio criativo e entrega de Minus ao longo da obra.
Embora pareça avançar sobre o ouvinte, a grande beleza do trabalho de Minus em Día está na forma como a artista equilibra momentos de fúria com instantes de maior contemplação. A própria escolha da cantora em inaugurar o registro com Abrir Monte funciona como uma clara indicação do que está por vir, vide a inserção de QQQQ e outras canções que detalham o experimentalismo da produtora. Não se trata de algo exatamente novo, efeito da forte similaridade com a obra do The Knife, porém, executado com eficiência.
É como se a artista soubesse exatamente que direção seguir em estúdio, se desvencilhando de possíveis excessos para garantir ao público um repertório tão enxuto quanto eficiente. Da construção das batidas à firmeza dos versos que alternam entre conflitos pessoais e reflexões políticas, cada fragmento do disco não apenas segue de onde Minus parou há cinco anos, como amplia as ideias iniciadas em Acts of Rebellion.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.