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Ano: 2024

Selo: 4AD

Gênero: R&B, Pop, Drum and Bass

Para quem gosta de: Kelela, Tirzah e Shygirl

Ouça: Lucky, Test It e Twice

7.6
7.6

Erika de Casier: “Still”

Ano: 2024

Selo: 4AD

Gênero: R&B, Pop, Drum and Bass

Para quem gosta de: Kelela, Tirzah e Shygirl

Ouça: Lucky, Test It e Twice

/ Por: Cleber Facchi 28/02/2024

Com o lançamento de Sensational (2021), Erika de Casier não apenas foi apresentada à uma parcela ainda maior do público, como passou a colaborar com nomes importantes da indústria da música. De produtores como Mura Masa ao grupo sul-coreano NewJeans, com quem esteve envolvida na produção do EP Get Up (2023),sobram momentos em que a portuguesa radicada na Dinamarca parecia ampliar o próprio campo de atuação. Pequenos ensaios e encontros pontuais que culminam agora na chegada de Still (2024, 4AD).

Terceiro e mais recente registro de estúdio da cantora, compositora e produtora portuguesa, o material desenvolvido em parceria com Natal Zaks e Nick León, com quem já havia trabalhado anteriormente, é tanto uma manifestação dessas colaborações vividas pela artista nos últimos anos, como uma extensão das pesquisas sonoras que de Casier tem elaborado sobre o pop produzido entre o final da década de 1990 e início dos anos 2000. Canções que vão do R&B ao drum and bass em uma abordagem sempre particular.

Composição escolhida para inaugurar essa nova fase, Lucky, entregue em janeiro deste ano, talvez seja a melhor representação desse resultado. Pouco mais de três minutos em que de Casier e seus parceiros transportam para o presente a mesma atmosfera explícita nas canções do Sweet Female Attitude, Mis-Teeq e outros nomes importantes que aproximaram UK garage da música pop. Um exercício criativo marcado pela qualidade técnica, mas que em nenhum momento oculta o forte caráter sentimental dado aos versos.

Exemplo disso fica bastante evidente nos momentos de maior suavidade da obra, quando de Casier deixa as batidas em segundo plano para destacar a riqueza na construção dos versos. “Você quer testar antes de comprar a loja inteira, eu te entendo … Na verdade, deixe-me dar uma amostra para levar para casa“, canta na provocativa Test It, faixa em resgata a essência de artistas como Aaliyah, Mônica e Brandy, porém, de forma sempre identitária, longe da nostalgia barata que tradicionalmente corrompe esse tipo de trabalho.

Interessante notar que mesmo intimista e totalmente voltado aos desejos da cantora, Still se revela como o trabalho que mais aproxima a artista portuguesa de outros colaboradores. Em Ice, por exemplo, são as rimas da dupla norte-americana They Hate Change que delicadamente ampliam os limites da canção. Já em Ex-Girlfirend, Shygirl ajuda a intensificar o toque de vingança e forte carga emocional que embala a construção dos versos, proposta que ganha contornos melancólicos em Twice, parceria com Blood Orange.

Espalhadas ao longo do disco, são justamente essas colaborações pontuais que rompem com a morosidade explícita em parte do repertório de Still. Salve exceções, como a já citada Lucky, muitas das composições partilham de um mesmo conjunto de ideias e elementos rítmicos que comprometem o andamento da obra. É como se de Casier seguisse em uma medida totalmente particular de tempo, proposta que talvez custe a atrair a atenção dos ouvintes mais apressados, porém, envolve aos poucos e seduz à sua própria maneira.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.