Ano: 2024
Selo: Escho
Gênero: Indie, Dream Pop
Para quem gosta de: Mazzy Star e ML Buch
Ouça: Days Incomplete, Smile? e Big Muzzy
Ano: 2024
Selo: Escho
Gênero: Indie, Dream Pop
Para quem gosta de: Mazzy Star e ML Buch
Ouça: Days Incomplete, Smile? e Big Muzzy
Parte da efervescente cena dinamarquesa que, somente nos últimos anos, apresentou nomes como Erika de Casier, Astrid Sonne e Smerz, Fine Glindvad Jensen, assim como suas conterrâneas, utiliza de uma proposta criativa bastante particular. Imersa em uma atmosfera de mistério, a cantora, compositora e produtora que reside em Copenhague se reveza na execução de cada um dos instrumentos, direcionamento que garante ao público uma obra marcada pelo aspecto reducionista, porém, imensa em seus significados e sensações.
De referências bastante aparentes, por vezes explícitas, Rocky Top Ballads (2024, Escho), álbum de estreia da artista, revela, mesmo em uma medida própria de tempo, todos os elementos que caracterizam a obra de Fine. São ecos de Cocteau Twins, Mazzy Star e outros importantes nomes que surgiram entre as décadas de 1980 e 1990, mas que em nenhum momento parecem capazes de ocultar a identidade da compositora.
Quarta faixa do disco, Big Muzzy funciona como uma boa representação desse resultado. Ainda que a voz da musicista instantaneamente remeta ao trabalho de Elizabeth Fraser, guitarras parcialmente submersas, ruídos e ambientações sutis levam o material para outras direções. É como se a cantora fosse ao encontro do mesmo território empoeirado que marca a obra de Lana Del Rey em Ultraviolence (2024), porém, de maneira ainda mais reducionista e irregular, proposta que se reflete até a chegada da derradeira A Star.
Embora parta de uma abordagem bastante particular, por vezes hermética, Fine nunca deixa de dialogar com o pop e, consequentemente, estreitar lanços com o ouvinte. Exemplo disso fica bastante evidente nas melodias cantaroláveis de Days Incomplete, música que destaca o lado radiante da obra. A própria canção de abertura, Coasting, e seu flerte momentâneo com o R&B, evidencia isso de maneira bastante eficiente.
Entretanto, a grande beleza de Rocky Top Ballads não está nesses pontos cintilantes ao longo do trabalho, mas na forma como Fine equilibra momentos de maior experimentação com faixas marcadas pelo aspecto melódico. Em A/B, por exemplo, são guitarras arrastadas que fazem lembrar de musicistas como Midwife e Grouper, mas que logo abrem passagem para o pop adocicado de Smile?, uma das mais delicadas do disco.
Embora equilibrado, a escolha de Fine por uma obra excessivamente econômica tem seus custos. Falta ao disco a inserção de músicas realmente contrastantes ou mesmo capazes de romper com a trilha apontada pela artista logo nos minutos iniciais e seguida de forma previsível até o fechamento do trabalho. É como se tudo orbitasse um mesmo universo, proposta que, para o bem ou para o mal, define os rumos do registro.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.