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Crítica

Heartworms

: "Glutton For Punishment"

Ano: 2025

Selo: Speedy Wunderground

Gênero: Rock, Pós-Punk

Para quem gosta de: Fontaines D.C. e The Horrors

Ouça: Just to Ask a Dance e Warplane

7.4
7.4

Heartworms: “Glutton For Punishment”

Ano: 2025

Selo: Speedy Wunderground

Gênero: Rock, Pós-Punk

Para quem gosta de: Fontaines D.C. e The Horrors

Ouça: Just to Ask a Dance e Warplane

/ Por: Cleber Facchi 06/03/2025

Não se deixe enganar pela abertura atmosférica de In the Beginning. Primeiro álbum de estúdio da artista inglesa Jojo Orme como Heartworms, Glutton For Punishment (2025, Speedy Wunderground) é uma obra de ritmo acelerado, guitarras enérgicas e vozes sempre potentes. São composições que atravessam o rock soturno da década de 1980 para dialogar com os medos, conflitos e dores vividas pela cantora no presente.

Toda essa emoção, de quem é a culpa?”, questiona Orme minutos à frente, em Just to Ask a Dance, música que não apenas trata de ambientar o ouvinte aos temas sentimentais do trabalho, como destaca a força dos arranjos que ainda contam com produção assinada por Dan Carey (Fontaines D.C., Black Midi). Pouco mais de quatro minutos em que somos catapultados para dentro do cenário de emanações sombrias do registro.

A partir desse ponto, cada nova composição se transforma em um objeto de exposição emocional e intensa carga rítmica. Exemplo disso fica ainda mais evidente em Jacked, faixa que bebe do revival pós-punk dos anos 2000 e ainda acrescenta uma dose extra de ferocidade, soando como um remix perdido do Interpol assinado pelo LCD Soundsystem. É como se Orme impedisse o ouvinte de respirar, conceito reforçado na suculenta linha de baixo, guitarras e vozes que ganham ainda mais destaque com a chegada de Mad Catch.

Passado esse momento de intensa aceleração que marca a primeira metade do disco, Extraordinary Wings leva o trabalho para outras direções. São batidas calculadas e guitarras atmosféricas que avançam em uma medida particular de tempo, lembrando as criações de PJ Harvey na década de 1990. Nada que Warplane, com seu ritmo acelerado, flerte com a eletrônica e vozes em coro, não dê conta de perverter por completo.

Pena que essa rica combinação de elementos é logo sufocada pela entrega da anticlimática Celebrate. De ritmo lento, a faixa é mais um aceno preguiçoso para a década de 1980, direcionamento que vai da bateria eletrônica ao uso quase dos sintetizadores e guitarras. Embora arrastada, a música pelo menos cumpre a função de preparar o terreno para a chegada de Smugglers Adventure, composição talvez contida em seus minutos iniciais, mas que acaba reservando para os momentos finais uma forte carga emocional de Orme.

É como um ato antecipado de encerramento, tanto que, ao avançarmos para a música seguinte, a própria faixa-título do disco, o que percebemos é uma nova quebra de ritmo, com a britânica agora destacando o uso de componentes acústicos. São pequenos descompassos estruturais que tornam a audição do álbum talvez confusa, porém, garantem à musicista a possibilidade de brincar com as possibilidades em estúdio.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.