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Crítica

Jair Naves

: "E Você Se Sente Numa Cela Escura..."

Ano: 2012

Selo: Independente

Gênero: Rock Alternativo, Pós-Punk

Para quem gosta de: Quarto Negro e Ventre

Ouça: Pronto Pra Morrer e No Fim da Ladeira

9.0
9.0

Jair Naves: “E Você Se Sente Numa Cela Escura…”

Ano: 2012

Selo: Independente

Gênero: Rock Alternativo, Pós-Punk

Para quem gosta de: Quarto Negro e Ventre

Ouça: Pronto Pra Morrer e No Fim da Ladeira

/ Por: Cleber Facchi 26/03/2020

Jair Naves havia atravessado os anos 2000 em uma sequência de obras marcadas pela evidente visceralidade dos versos e profunda entrega sentimental. Trabalhos como os emblemáticos Servil (2004) e Idioma Morto (2006), ambos como integrante da Ludovic, que fizeram do mineiro radicado em São Paulo um dos nomes mais importantes do período. Foi justamente partindo desse mesmo direcionamento temático que o cantor e compositor fez do primeiro álbum em carreira solo a passagem para uma das obras mais sensíveis e brutais da última década. Apresentado sob o extenso título de E Você Se Sente Numa Cela Escura, Planejando A Sua Fuga, Cavando O Chão Com As Próprias Unhas (2012), o registro de apenas dez faixas segue exatamente de onde o músico havia parado no acústico Araguari EP (2010). Canções que utilizam de frustrações pessoais, medos e instantes de doce acolhimento como estímulo para as letras compostas por Naves.

No fim da ladeira, entre vielas tortuosas, há uma vila de casinhas silenciosas / Numa manhã fria, eu saí de uma delas convencido de que ali eu havia achado a pessoa certa / Agora dói passar perto daquele lugar“, confessa na descritiva No Fim Da Ladeira, Entre Vielas Tortuosas, canção de essência intimista, como um convite a se perder pelo universo particular do compositor mineiro. Músicas que alternam entre a angústia dos dias, como na introdutória Pronto Para Morrer (O Poder de Uma Mentira Dita Mil Vezes) e Covil de Cobras, ou mesmo faixas marcadas pela força dos sentimentos, marca da agridoce A Meu Ver e Maria Lúcia, Santa Cecília e Eu, essa última, delicada homenagem do cantor à própria mãe. Três anos mais tarde, o mesmo cuidado na formação dos versos e temas instrumentais seria percebido durante o lançamento do segundo registro de Naves em carreira solo, o também confessional Trovões a Me Atingir (2015). 



Este texto faz parte da nossa lista com Os 100 Melhores Discos Brasileiros dos Anos 2010 que será publicada ao longo das próximas semanas. São revisões mais curtas ou críticas reescritas de alguns dos trabalhos apresentados ao público na última década. Leia a publicação original.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.