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Crítica

James Holden

: "Imagine This Is A High Dimensional Space Of All Possibilities"

Ano: 2023

Selo: Border Community

Gênero: Eletrônica, Psicodélica

Para quem gosta de: Nathan Fake e DJ Koze

Ouça: Contains Multitudes e In the End You'll Know

7.8
7.8

James Holden: “Imagine This Is A High Dimensional Space Of All Possibilities”

Ano: 2023

Selo: Border Community

Gênero: Eletrônica, Psicodélica

Para quem gosta de: Nathan Fake e DJ Koze

Ouça: Contains Multitudes e In the End You'll Know

/ Por: Cleber Facchi 01/05/2023

É sempre muito difícil prever qual será a direção percorrida por James Holden a cada novo trabalho de inéditas. Conhecido pela série de remixes que vai de Madonna a Radiohead, de Britney Spears a New Order, o produtor de origem inglesa costuma fazer de cada empreitada em estúdio, principalmente em seus próprios registros, a passagem para um território completamente reformulado. Exemplo disso fica bastante evidente na contrastante separação entre a eletrônica acinzentada do álbum The Inheritors (2013) e os temas transcendentais que sutilmente orientam as criações do posterior The Animal Spirits (2017).

Não por acaso, Holden decidiu batizar o mais recente trabalho de inéditas da carreira de Imagine This Is A High Dimensional Space Of All Possibilities (2023, Border Community), em português, algo como “imagine que esse é um espaço de alta dimensão com todas as possibilidades“. São pouco mais de 60 minutos de duração em que o produtor traz de volta uma série de elementos que tem sido incorporados desde o introdutório The Idiots Are Winning (2006), como o uso de composições extensas e sempre imersivas, porém, partindo de um necessário senso de atualização e colorido diálogo com a produção psicodélica.

Segunda faixa do disco, Contains Multitudes funciona como uma boa representação de tudo aquilo que Holden busca desenvolver ao longo da obra. São pouco menos de dez minutos em que o produtor inglês utiliza da sobreposição de batidas, fragmentos de sintetizadores, texturas e efeitos para brincar com a interpretação do ouvinte. É como a passagem para um mundo mágico. Um permanente desvendar de sensações que rompe com spiritual jazz, marca do disco anterior, porém, preservando o mesmo caráter cósmico, direcionamento que se reflete de forma ainda mais expressiva na faixa seguir, Common Land.

Nesse ponto, fica bastante evidente o esforço do produtor em transportar a mente do ouvinte para um cenário de formas enevoadas e sobreposições lisérgicas, mas que em nenhum momento se distanciam do uso de temas dançantes. Perfeita representação desse resultado pode ser percebida na combinação entre In the End You’ll Know e Continuous Revolution. Enquanto a primeira composição se revela aos poucos, mergulhando em meio a camadas de sintetizadores, batidas sempre calculadas rompem com possíveis traços de serenidade. São entalhes instrumentais e rítmicos que vão de um ambiente meditativo às pistas.

Por conta dessa estrutura, não é necessário dizer que Imagine This Is A High Dimensional Space Of All Possibilities é um trabalho que exige esforço até se revelar por completo. Mesmo quando se aventura na construção de faixas um pouco mais curtas, como em The Missing Key e Worlds Collide Mountains Form, Holden segue em uma medida própria de tempo, apresentando canções marcadas pelo lento desvendar de informações. Embora consistente, essa abordagem nem sempre se mostra a mais gratificante para o ouvinte, como na segunda metade do disco, quando estruturas, arranjos e conceitos começam a se repetir.

Embora dotado de um ritmo próprio e talvez exaustivo para o ouvinte mais apressado, Imagine This Is A High Dimensional Space Of All Possibilities garante ao público algumas das melhores faixas já reveladas pelo produtor. Além da já citada Contains Multitudes, em que o artista convida o ouvinte a se perder em um cenário de formas instrumentais e batidas que mudam de direção a todo instante, outras, como Worlds Collide Mountains Form e The Answer Is Yes chamam a atenção pela riqueza dos arranjos e capacidade de Holden em transitar por entre estilos na mesma medida em que apresenta uma de suas obras mais coesas.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.