Ano: 2025
Selo: Lucky Number
Gênero: Rock
Para quem gosta de: Soccer Mommy e Snail Mail
Ouça: Past Lives, Float e What You Need
Ano: 2025
Selo: Lucky Number
Gênero: Rock
Para quem gosta de: Soccer Mommy e Snail Mail
Ouça: Past Lives, Float e What You Need
Mesmo preservando uma série de elementos bastante característicos, como os versos expositivos e bases melódicas, cada novo trabalho de estúdio de Melina Duterte como Jay Som costuma ser uma surpresa. E das boas. Quarto e mais recente disco de inéditas da cantora, compositora e produtora norte-americana, Belong (2025, Lucky Number) funciona como uma boa representação desse caráter mutável da musicista.
Primeiro trabalho de estúdio da guitarrista em seis anos, o sucessor de Anak Ko (2019) marca um intenso processo de transformação vivido por Duterte. Consumida por uma crise criativa durante a pandemia de Covid-19, a musicista deixou a própria obra de lado para atuar como produtora e engenheira de som nos registros de Hatchie, beabadoobee e Boygenius, participando ativamente do elogiado The Record (2023).
Veio justamente dessa relação de Duterte com diferentes parceiros criativos o estímulo para a construção do repertório de Belong. São composições que tratam sobre o processo de estagnação vivido pela artista, detalham frustrações e momentos de maior vulnerabilidade emocional, mas em nenhum momento tendem ao sentimentalismo, destacando o amadurecimento poético e emocional experienciado pela compositora.
Segunda faixa do disco, Float sintetiza isso de forma bastante sensível. Completa pela participação de Jim Adkins, vocalista do Jimmy Eat World, a canção que trata sobre a tentativa de aceitar o fim de uma relação evidencia o esforço da cantora em seguir o fluxo e abandonar a resistência à mudança. Mais do que uma escolha aleatória, o encontro com Adkins ainda detalha outro aspecto bastante característico do material: a relação nostálgica de Duterte com o pop punk, a música emo e o rock produzido no início dos anos 2000.
São canções como A Million Reasons Why, Cards On The Table e What You Need que preservam a habitual relação da cantora com o bedroom pop, mas a todo momento apontam para a música produzida há duas décadas. Não por acaso, Duterte recrutou Hayley Williams, vocalista e líder do Paramore, para colaborar em uma das principais faixas do disco, Past Lives, composição que escancara a potência das duas artistas.
Mesmo com todas essas qualidades, Belong não chega a romper com o universo que Jay Som construiu ao longo da última década. É um disco sólido e coeso, mas que permanece confortável dentro das referências já exploradas pela artista, sem propor grandes desvios estéticos ou conceituais. Ainda assim, é justamente nesse equilíbrio entre a familiaridade e o refinamento técnico que Duterte reafirma seu domínio sobre a própria linguagem, entregando um álbum maduro, sensível e plenamente consciente de suas limitações.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.