Ano: 2025
Selo: Young
Gênero: Rap
Para quem gosta de: Earl Sweatshirt e Dean Blunt
Ouça: Ocean Steppin', Money Shows e Emotions
Ano: 2025
Selo: Young
Gênero: Rap
Para quem gosta de: Earl Sweatshirt e Dean Blunt
Ouça: Ocean Steppin', Money Shows e Emotions
John Glacier nunca pareceu interessada em seguir uma abordagem linear e isso sempre fez de suas obras registros fascinantes. Terceiro e mais recente álbum de estúdio da rapper britânica, Like A Ribbon (2025, Young) talvez seja o melhor exemplo disso. São canções que partem de uma estrutura não convencional e totalmente imprevisível para destacar o que há de mais interessante no trabalho da artista: os sentimentos.
Como indicado no título do álbum, Glacier busca se aprofundar nos laços emocionais que desenvolvemos com os indivíduos ao nosso redor. Composições que tratam de relacionamentos instáveis, conflitos e outras experiências vividas pela rapper, mas que estabelecem no percurso torto adotado durante toda a execução do material um jeito diferente de encarar conceitos e velhas temáticas há muito testadas por outros artistas.
“Esse é o meu espaço”, rima em Emotions, faixa que sintetiza parte dos conceitos incorporados pela rapper no decorrer do trabalho. É como uma extensão ainda mais complexa, liricamente fascinante e verdadeira de tudo aquilo que a artista inglesa tem apresentado desde a estreia com Shiloh: Lost for Words (2021). Um repertório formado por composições talvez breves e reducionistas, contudo, imensas em seus significados.
E isso não se reflete apenas na construção dos versos. Como indicado logo na introdutória Satellites, Glacier se aprofunda na criação de músicas abstratas, ruídos e ambientações submersas que deixam as batidas em segundo plano para destacar ainda mais a força dos versos. São composições quase silenciosas, mas nunca arrastadas, revelando um estilo de produção que faz lembrar de artistas como Dean Blunt e Earl Sweatshirt.
Ainda que parte desse direcionamento criativo resulte em becos sem saída e composições excessivamente herméticas, difícil não se deixar conduzir pelo estranho repertório montado pela britânica. Glacier até cria canções mais acessíveis, como em Ocean Steppin’, parceria com Sampha, mas é nos momentos de evidente experimentação, como em Money Shows, com a norte-americana Eartheater, que a artista realmente brilha.
Acompanhada pela produção singular de Kwes durante toda a execução do disco, além de abrir caminho para a interferência de nomes como Flume e outros parceiros criativos vindos dos mais variados campos da música, Glacier apresenta ao público uma obra tão desafiadora quanto fascinante. É como a passagem para um delirante universo particular, por vezes difícil de ser absorvido, mas impossível de ser ignorado.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.