Ano: 2024
Selo: Saddest Factory
Gênero: Indie
Para quem gosta de: MUNA e Phoebe Bridgers
Ouça: Casual Drug Use, Aftertaste e Keep Walking
Ano: 2024
Selo: Saddest Factory
Gênero: Indie
Para quem gosta de: MUNA e Phoebe Bridgers
Ouça: Casual Drug Use, Aftertaste e Keep Walking
A imagem de Katie Gavin, sentada com um gato em uma cama e rodeada de objetos pessoais, sintetiza de forma bastante eficiente tudo aquilo que a cantora e compositora norte-americana busca desenvolver no primeiro lançamento em carreira solo, What A Relief (2024, Saddest Factory). É como a passagem para um universo pessoal, conceito que naturalmente preserva uma série de elementos testados pela artista como uma das integrantes do MUNA, porém, partindo de um novo direcionamento lírico, instrumental e estético.
Marcado pelo forte aspecto confessional, What A Relief busca inspiração em conflitos pessoais, romances e demais tormentos vividos por Gavin. A principal diferença em relação a outras obras do gênero, incluindo as criações da própria artista no MUNA, está na forma como a norte-americana busca se aprofundar nos pontos cinzentos experienciados durante as relações, rompendo com o habitual processo de vilanização.
“Que alívio / Saber que parte disso foi minha culpa / Afinal, não sou uma vítima”, canta na delicada Keep Walking, música em que reflete sobre o término de um relacionamento de forma bastante sóbria e ainda discute a necessidade de seguir em frente. “Estou em paz com você / E se eu te ver na rua / Continuarei andando”, confessa. É com se Gavin, pela primeira vez em mais de uma década de carreira, tivesse real consciência sobre a própria criação, evidenciando um repertório que dialoga diretamente com o ouvinte.
Não por acaso, Gavin optou por investir em uma abordagem musicalmente reducionista e acústica, como um contraponto ao repertório entregue no último trabalho de estúdio do MUNA. Mesmo quando estreita laços com outros colaboradores, como Mitski, em As Good As It Gets, a artista nunca rompe o que parece ser uma atmosfera própria do registro. Claro que isso não impede a cantora de flertar com a música pop.
Uma das primeiras composições do disco a serem reveladas ao público, Aftertaste funciona como uma boa representação desse resultado. Inaugurada em meio a arranjos acústicos, a canção ganha forma e cresce aos poucos, culminando em um refrão catártico que instantaneamente evoca a obra de Alanis Morissette. Outra que partilha de um direcionamento bastante similar é Casual Drug Use, música que ainda destaca a riqueza dos versos, rompendo com os temas românticos do restante do trabalho para tratar sobre amizade.
Próximo e, ao mesmo tempo, distante de tudo aquilo que a artista havia testado com o MUNA, What A Relief funciona como um eficiente registro de estreia em carreira solo. São canções que se conectam sem grandes dificuldades aos antigos trabalhos da cantora, porém, partindo de um precioso exercício de transformação que não apenas destaca a força dos versos, como revela por completo a essência e sentimentos de Gavin.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.