Ano: 2024
Selo: EMI / Island
Gênero: Pop Rock
Para quem gosta de: MUNA e CHVRCHES
Ouça: Something In The Air e Crocodile Tears
Ano: 2024
Selo: EMI / Island
Gênero: Pop Rock
Para quem gosta de: MUNA e CHVRCHES
Ouça: Something In The Air e Crocodile Tears
Depois de uma década atuando como vocalista do CHVRCHES, Lauren Mayberry decidiu se aventurar na produção do primeiro álbum em carreira solo, Vicious Creature (2024, EMI / Island). E ele não decepciona. Menos orientado aos temas eletrônicos que marcam o trabalho da artista no projeto em parceria com Iain Cook e Martin Doherty, o registro surpreende pelo esforço da cantora em ampliar os próprios horizontes.
Música de abertura do álbum, Something In The Air deixa isso mais do que evidente. Enquanto a letra da canção destaca a força dos versos de Mayberry (“Eu só quero ser alguém / Alguém que seja feliz / Mas por que você se importa? / Deve haver algo no ar”), batidas em destaque e um fino acabamento melódico vão ao encontro do mesmo território explorado por Alanis Morissette em Jagged Little Pill (1995). É como se a escocesa confessasse algumas de suas principais referências, porém, preservando a própria identidade.
Em Crocodile Tears, por exemplo, enquanto os sintetizadores e arranjos de cordas parecem extraídos de Walking on Broken Glass, de Annie Lennox, batidas e vozes sempre pegajosas fazem lembrar de Carly Rae Jepsenem Emotion (2015). São diferentes propostas criativas, ritmos e mudanças de percurso ao longo do material, mas que em nenhum momento soam de maneira desconexa, evidenciando o domínio da artista.
Mesmo nos momentos em que mais se aproxima do tipo de som explorado com o CHVRCHES, como em Punch Drunk e Change Shapes, há sempre um componente de mudança que leva o trabalho para outras direções. Parte desse resultado vem do uso destacado das guitarras e uso de elementos percussivos que sutilmente rompem com o que poderíamos esperar de uma obra de Mayberry. Um precioso cruzamento de estilos que se engrandece pela produção de Dan McDougall, Matthew Koma, Ethan Gruska e Greg Kurstin.
Apesar da riqueza de ideias e esforço de Mayberry em transitar por diferentes estilos de forma sempre equilibrada, Vicious Creature perde muito da sensação de impacto e fluidez quando avançamos para a segunda metade do trabalho. São composições como Mantra, A Work Of Fiction e Sunday Best que mais parecem versões menos interessantes daquilo que a cantora apresenta na porção inicial do trabalho. O próprio volume excessivo de baladas, como Oh, Mother, é outro componente que desestabiliza o álbum.
Embora pontuado por momentos de maior instabilidade, notável é o empenho da artista escocesa em não se repetir criativamente. Ainda que muitas das canções pareçam apontar para os trabalhos mais recentes do CHVRCHES, prevalece durante toda a execução do álbum a busca por novas possibilidades e direções em estúdio. Do minimalismo de Are You Awake?, composta em parceria com Tobias Jesso Jr., ao pop retrô de Shame, sobram canções que destacam a força da cantora mesmo longe dos velhos parceiros de banda.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.