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Crítica

Lily Allen

: "West End Girl"

Ano: 2025

Selo: BMG

Gênero: Pop

Para quem gosta de: Lorde e Lykke Li

Ouça: West End Girl e Pussy Palace

7.5
7.5

Lily Allen: “West End Girl”

Ano: 2025

Selo: BMG

Gênero: Pop

Para quem gosta de: Lorde e Lykke Li

Ouça: West End Girl e Pussy Palace

/ Por: Cleber Facchi 30/10/2025

Desde o começo da carreira, Lily Allen sempre foi bastante expositiva em relação a tudo que abordou em suas letras. E isso inclui a percepção sobre o próprio irmão, o ator Alfie Allen, e até mesmo o ex-presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, alvo na faixa Fuck You. Entretanto, poucas vezes antes a compositora britânica pareceu tão brutalmente exposta quanto no repertório montado para West End Girl (2025, BMG).

Motivado pelo término de relacionamento vivido pela cantora e o ator David Harbour, o álbum nos convida a mergulhar na vida íntima dos dois artistas como quem folheia as páginas de uma revista de fofocas ou uma biografia daquelas de cair o queixo. Utilizando uma narrativa linear, quase cênica, Allen trata sobre temas como relacionamento aberto, manipulação, confiança e traição com uma acidez típica de suas obras.

E ela não economiza nos detalhes. A própria faixa-título do disco, posicionada logo na abertura do trabalho, mostra Allen reencenando uma ligação com o momento em que recebe o pedido do ex-marido para abrir o relacionamento. Em Tennis, é uma troca de mensagens no celular que leva à outra personagem, a “amante” Madeline. Já em Pussy Palace, é a suspeita do vício em sexo e a descoberta de um lado oculto do parceiro.

Naturalmente, por se tratar de uma obra conceitual, com boa parte das músicas oferecendo pistas sobre as canções seguintes, West End Girl é um trabalho que depende da totalidade, limitando o alcance das faixas ao próprio repertório. Salvo exceções, como a inescapável Pussy Palace, parte expressiva das composições parece incapaz de funcionar de maneira independente, sem a imersão e o contexto temático do material.

Outro aspecto bastante problemático do disco diz respeito ao limitado acabamento instrumental das faixas. Enquanto os versos chamam a atenção pelos detalhes, o mesmo não se aplica à produção do trabalho. São composições sempre minimalistas, por vezes excessivamente básicas. E isso tem um motivo, afinal, West End Girl foi todo concebido em um intervalo de apenas duas semanas, com Allen evitando novas sessões.

Se, por um lado, esse resultado parece incapaz de replicar e mesma riqueza de detalhes evidente em obras como Alright, Still (2006) e It’s Not Me, It’s You (2009), por outro, concede ao repertório do disco um caráter quase documental. É como se a artista preservasse apenas o essencial dentro de cada composição, fazendo da visceralidade explícita nos versos a principal ferramenta de trabalho para a execução de West End Girl.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.