Ano: 2024
Selo: Icienso
Gênero: Eletrônica, Techno
Para quem gosta de: Actress e Skee Mask
Ouça: Sugar Snot, Wait & See e Love's Lineaments
Ano: 2024
Selo: Icienso
Gênero: Eletrônica, Techno
Para quem gosta de: Actress e Skee Mask
Ouça: Sugar Snot, Wait & See e Love's Lineaments
Você nunca sabe qual será o próximo movimento de Brian Leeds, mas com certeza irá se surpreender. Um dos nomes mais versáteis da cena norte-americana, o produtor original de Emporia, Kansas, retorna agora com One Day (2024, Incienso), trabalho em que assume de vez a alcunha de Loidis, identidade adotada há seis anos, durante a produção do EP A Parade / In the Place I Sit / The Floating World (& All Its Pleasures) (2018), para romper com as ambientações incorporadas como Huerco S. e se aventurar de vez pelas pistas.
Da mesma forma que o registro que o antecede, One Day transita por entre elementos de microhouse, dub e techno, porém, substitui a amplidão do material anterior por uma abordagem cada vez mais compacta, fria e cinzenta. As texturas e sempre meticuloso processo criativo do produtor que começou seus trabalhos no início da década passada ainda se fazem presentes, a diferença está no direcionamento dado pelo artista.
Originalmente revelada em julho deste ano, meses antes ao lançamento do disco, Dollarama funciona como uma boa representação desse resultado. São pouco menos de dez minutos em que o produtor parte de uma ambientação contida para destacar a construção das batidas. Movimentos e inserções sempre precisas, por vezes matemáticas, como uma interpretação ainda mais reducionista daquilo que The Field, Pole e outros articuladores do cenário europeu têm explorado criativamente desde a segunda metade dos anos 2000.
Algumas composições, como a introdutória Tell Me, conseguem ser ainda mais diretas, se distanciando de possíveis excessos para trabalhar exclusivamente na arquitetura esquelética das batidas e bases densas. É como se um frio quase industrial tomasse conta de todo o registro, conceito reforçado em Taqua, faixa que combina uma nauseante camada de sintetizadores com um acabamento rítmico soturno e quase opressivo.
A própria imagem de capa do trabalho, uma criação do arquiteto e designer Josh Abramovici, sintetiza de maneira bastante eficiente a frieza de One Day. Entretanto, curioso perceber nos momentos em que mais se distancia desse mesmo resultado a passagem para algumas das melhores composições do disco. É o caso da extensa Love’s Lineaments, faixa que amplia os horizontes da obra, enriquece os sintetizadores e ainda prepara o terreno para a posterior Sugar Snot, uma das criações mais acessíveis já produzidas por Leeds.
De fato, é difícil acreditar que o mesmo responsável pelas ambientações abstratas de Plonk (2022), último disco do produtor como Huerco S., seja o mesmo responsável pelas canções entregues em One Day. São maneiras completamente distintas de se pensar música, proposta que, mais uma vez, evidencia o esforço do artista em tensionar os limites da própria criação e adotar diferentes identidades a cada novo álbum.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.