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Crítica

Mahmundi

: "Bem-Vindos de Volta"

Ano: 2025

Selo: UnitedMasters

Gênero: Pop, R&B

Para quem gosta de: Letrux e Tuyo

Ouça: Irreversível, Falta e Macia Bahia

8.2
8.2

Mahmundi: “Bem-Vindos De Volta”

Ano: 2025

Selo: UnitedMasters

Gênero: Pop, R&B

Para quem gosta de: Letrux e Tuyo

Ouça: Irreversível, Falta e Macia Bahia

/ Por: Cleber Facchi 05/12/2025

Nos últimos anos, Marcela Vale, a Mahmundi, se especializou na produção de obras curtas, porém bastante efetivas. São trabalhos como Mundo Novo (2020) e Amor Fati (2023) que se resolvem em um intervalo de poucos minutos, destacando o domínio da artista em relação ao pop. Entretanto, nenhum desses registros revelados pela cantora carioca parece tão consistente quanto Bem-Vindos de Volta (2025, UnitedMasters).

Primeiro álbum de inéditas da artista de Marechal Hermes desde o fim do contrato com a Universal Music, o trabalho de oito faixas é tanto um recomeço quanto um exercício de libertação criativa. Ainda que o título evoque o passado e a própria cantora acene para registros como o homônimo disco de estreia, Bem-Vindos de Volta aponta para o futuro, destacando a maturidade poética, sonora e emocional da musicista carioca.

Parte desse resultado vem da escolha da artista em concentrar todas essas canções nas mãos de um novo parceiro de produção, DJ Lukinhas (Marina Sena, Pabllo Vittar), porém, preservando a relação com velhos colaboradores, como Castello Branco e Qinhones. O resultado desse processo está na entrega de um disco que concentra o que há de melhor no trabalho de Mahmundi, mas em nenhum momento tende à repetição.

Em Irreversível, por exemplo, saem os sintetizadores empoeirados e as batidas que dialogavam com o pop dos anos 1980, marca de trabalhos como o EP Efeito das Cores (2012), para destacar a relação da cantora com a música eletrônica e o rock da década de 1990. Essa combinação de estilos fica ainda mais evidente em Macia Bahia, canção em que flerta com o drum and bass sem necessariamente perder a brasilidade.

Dentro desse universo marcado pelas possibilidades, Mahmundi aproveita para confessar algumas de suas inspirações. São faixas como Falta e Saliva frisson que apontam para o future R&B e o UK garage explorado por James Blake, Jessie Ware e SBTRKT no início da década passada. Outra música que chama a atenção é O Mundo Pode Esperar, composição que se completa pelas rimas românticas do paulistano Rico Dalasam.

Esse forte aspecto sentimental, apontado logo na introdutória Mapa Mundi, é tanto a principal virtude como a fraqueza de Bem-Vindos De Volta. Além do caráter monotemático, muitos dos temas abordados por Vale, como o distanciamento e a reconexão romântica, parecem repetir a fórmula de obras como Pra Dias Ruins (2018). Entretanto, Mahmundi parece consciente disso, fazendo da busca por novas sonoridades, diferentes ritmos e parceiros criativos o estímulo para um registro que consegue ser tão confortável quanto instigante.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.