Ano: 2025
Selo: Sony Music
Gênero: Pop
Para quem gosta de: Duda Beat e Rachel Reis
Ouça: Anjo, Desmitificar e Mágico
Ano: 2025
Selo: Sony Music
Gênero: Pop
Para quem gosta de: Duda Beat e Rachel Reis
Ouça: Anjo, Desmitificar e Mágico
Existe uma naturalidade única na relação de Marina Sena com a música. Da rock psicodélico que marca a passagem pelo grupo A Outra Banda da Lua ao pop tropical durante a breve estadia no Rosa Neon, não são poucos os momentos em que a cantora mineira se permitiu brincar com as possibilidades. Mesmo quando voltou seus esforços para os trabalhos em carreira solo, notável é a separação entre o repertório elaborado para De Primeira (2021), com sua brasilidade latente, e o som comercial do posterior Vício Inerente (2023).
Interessante perceber em Coisas Naturais (2025, Sony Music), terceiro e mais recente álbum da artista em carreira solo, um trabalho que combina e equilibra todos esses elementos com uma desenvoltura notável. É como se a artista, pela primeira vez em mais de uma década de carreira, transportasse para dentro de estúdio todas essas referências, fazendo disso o estímulo para um disco que transcende os próprios limites.
Exemplo disso fica mais do que evidente no que talvez seja a principal composição do trabalho, Anjo. São pouco mais de três minutos em que a artista parte de uma base de samba e cai no rock psicodélico em um claro aceno para Gal Costa e Rita Lee, porém, preservando a relação com o pop a partir de uma letra que se projeta de maneira altamente pegajosa. Um colorido catálogo de ideias, diferentes ritmos e sonoridades.
A própria imagem de capa, com Marina sendo remontada a partir de diferentes colagens, funciona como uma boa representação de tudo aquilo que a artista busca desenvolver ao longo do trabalho. Composições que começam de um jeito e terminam de outro, evidenciando a versatilidade da cantora. O mais fascinante talvez seja perceber que, mesmo diverso, Coisas Naturais nunca perde o controle. Do momento em que tem início, na autointitulada canção de abertura, tudo gira em torno de um mesmo universo criativo e estético.
Acompanhada pelo produtor Janluska (Terno Rei, Tuyo), Sena parece jogar com os instantes. Dessa forma, cada composição se transforma em um objeto precioso. São canções que vão da atmosfera ritualística de Desmitificar, com sua percussão em destaque, aos temas dançantes de Mágico, música que logo conduz o ouvinte em direção às pistas. Mesmo velhas conhecidas, como a litorânea Numa Ilha, revelada ao público ainda no último ano, ganha novo significado quando observada como parte do colorido repertório da obra.
Dessa forma, mesmo quando esbarra em pequenas repetições poéticas e temáticas, como a já desgastada relação da cantora com o mar e os amores incertos, Coisas Naturais encontra sempre um ponto de ruptura sonoro que leva o trabalho para outras direções. As próprias participações especiais, como Gaia e Nenny, na faixa Tokitô, e Çantamarta, em Doçura, tornam isso bastante explícito, com Sena se aproximando ainda mais dos ritmos latinos. Composições que preservam a essência da artista, mas nunca tendem ao conforto.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.