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Crítica

MC Morena

: "E Disseram Que Não Sei Amar"

Ano: 2025

Selo: Independente

Gênero: Funk Melody, Pop, R&B

Para quem gosta de: FBC e Ogoin & Linguini

Ouça: Cena de Novela e Baile Provocante

7.6
7.6

MC Morena: “E Disseram Que Não Sei Amar”

Ano: 2025

Selo: Independente

Gênero: Funk Melody, Pop, R&B

Para quem gosta de: FBC e Ogoin & Linguini

Ouça: Cena de Novela e Baile Provocante

/ Por: Cleber Facchi 10/02/2025

Parte da efervescente cena mineira que, nos últimos anos, levou o funk para outras direções, MC Morena estabelece nas canções de E Disseram Que Não Sei Amar (2025, Independente), mais recente trabalho em carreira solo, a passagem para um território criativo tão atual como altamente nostálgico. São composições que instantaneamente conduzem o ouvinte em direção ao passado, alcançando um fino ponto de equilíbrio entre estilos como o Miami Bass e o melody, mas que em nenhum momento deixam de dialogar com o pop.

Exemplo disso fica bastante evidente em Baile Provocante. Completa pela presença de MC Koringa, a faixa parte de um estilo de produção que aponta para o final da década de 1980 e mergulha no funk tamborzão enquanto carrega ao fundo da canção samples de I Don’t Know Why, sucesso da italiana Moony nos anos 2000. Composições talvez simples em uma audição despretenciosa, entretanto, marcadas pelos detalhes.

Parte desse resultado vem da produção atenta de Pepito, com quem a cantora havia colaborado no disco anterior, Inimitável (2023), mas que assume um papel ainda maior em E Disseram Que Não Sei Amar. Do momento em que tem início, em Amar É Crime?, até alcançar a derradeira Mini Saia Rosa, cabe ao artista mineiro amarrar cada uma das faixas que detalham os desejos, romances e desilusões vividas por Morena.

Em Saudade, por exemplo, são versos que destacam a vulnerabilidade da artista que ainda abre passagem para as rimas de Natralinha. “É que o meu coração tem espaço demais / Cabe você, mas cabe mais cinco / Mas o fato de eu ser pra frente / Não anula tudo que eu sinto”, dispara a cantora. Canções que oscilam entre memórias de um passado recente e a espera pelo inevitável reencontro, dialogando com o próprio ouvinte.

Dentro desse espaço marcado pela força dos sentimentos, MC Morena aproveita para estreitar laços com um time seleto de artistas vindos dos mais variados campos da música. É o caso da dupla Ogoin & Linquini, com quem divide a deliciosa Cena de Novela, composição que vai do funk ao R&B, soando como uma faixa perdida de Perlla em Eu Só Quero Ser Livre (2006). Quem também dá as caras ao longo do disco é VHOOR, resgatando a atmosfera do álbum Baile (2021), parceria com FBC, em preciosidades como Sonho de Amor.

Naturalmente, esse volume excessivo de parceiros e canções acaba comprometendo parte do disco, que se estende para além do necessário, principalmente na segunda metade. Nada que o encontro com Maffalda não dê conta de solucionar. Conhecido pelo trabalho com Pabllo Vittar e Urias, o produtor concede a faixas como Periculoso um toque eletrônico que leva o material para outras direções, mas em nenhum momento compromete a identidade criativa que MC Morena e Pepito vem desenvolvendo desde o registro anterior.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.