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Crítica

MGMT

: "Loss of Life"

Ano: 2024

Selo: Mom+Pop

Gênero: Pop Psicodélico

Para quem gosta de: The Flaming Lips e Tame Impala

Ouça: Mother Nature e Nothing To Declare

7.5
7.5

MGMT: “Loss of Life”

Ano: 2024

Selo: Mom+Pop

Gênero: Pop Psicodélico

Para quem gosta de: The Flaming Lips e Tame Impala

Ouça: Mother Nature e Nothing To Declare

/ Por: Cleber Facchi 01/03/2024

Loss of Life (2024, Mom+Pop), como tudo aquilo que tem sido apresentado pelo MGMT ao longo da última década, é um trabalho desconjuntado. Canções de encerramento posicionadas logo no bloco de abertura, delírios psicodélicos convertidos em música e momentos de maior experimentação que destacam o esforço dos parceiros Andrew VanWyngarden e Benjamin Goldwasser em romper com tudo aquilo que parecia estabelecido pela expectativa do público após o sucesso com o introdutório Oracular Spectacular (2007).

Próximo e ao mesmo tempo distante do repertório entregue no antecessor Little Dark Age (2018), Loss of Life estabelece justamente nessa propositada irregularidade que amarra as composições do disco o grande charme do repertório montado pela dupla. São canções que vão de um canto a outro de maneira sempre imprevisível, assumindo diferentes percursos instrumentais dentro delas mesmas, vide as quebras da colaborativa Dancing In Babylon, música que se completa pela participação de Christine and the Queens.

Parte desse resultado vem do que a própria banda definiu como um “longo período de gestação” durante o processo de montagem do material que passou por diferentes estúdios, fases e parceiros criativos. É o caso de Patrick Wimberley, músico conhecido pelo trabalho como ex-integrante do Chairlift e um dos principais colaboradores da dupla ao longo do registro. Surgem ainda nomes como Daniel Lopatin (Oneohtrix Point Never), Danger Mouse e Dave Fridmann que ajudaram os dois compositores a ampliar os limites da obra.

Embora diverso e momentaneamente confuso, percepção reforçada na completa irregularidade que marca a segunda metade do trabalho, Loss of Life é um registro que sabe exatamente onde quer chegar. Do uso de melodias acústicas que apontam diretamente para a produção de David Bowie no início da década de anos 1970, passando pela inserção de versos sempre marcados por temáticas existenciais, evidente é o esforço de VanWyngarden e Goldwasser em desenvolver tudo dentro de um mesmo universo instrumental e lírico.

Mais do que isso, Loss of Life talvez seja o álbum mais equilibrado já produzido pela dupla nova-iorquina. Enquanto composições como Mother Nature destacam o lado mais acessível da banda, soando como uma canção perdida do Mercury Rev ou do The Flaming Lips, outras, como Bubblegum Dog, destacam o esforço dos dois parceiros de criação em testar os próprios limites e tensionar a experiência do ouvinte. Um misto de conforto e continua corrupção dos elementos, vide a fragmentação de faixas como Nothing To Declare.

É como se os dois artistas encontrassem pontos em comum entre o estranhamento proposto em trabalhos como Congratulations (2010) e o homônimo álbum de 2013, porém, preservando a curiosa interpretação sobre a música pop que marca o repertório de Oracular Spectacular e Little Dark Age. A própria imagem de capa do disco, uma criação do artista conceitual John Baldessari (1931 – 2020), serve de representação para esse resultado, equilibrando aplicações coloridas e formas reais em prol de um resultado harmônico.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.