Ano: 2025
Selo: Rock Action
Gênero: Pós-Rock
Para quem gosta de: Explosions In The Sky e Sigur Rós
Ouça: God Gets You Back, Lion Rumpus Fact Boy
Ano: 2025
Selo: Rock Action
Gênero: Pós-Rock
Para quem gosta de: Explosions In The Sky e Sigur Rós
Ouça: God Gets You Back, Lion Rumpus Fact Boy
A lenta sobreposição de guitarras e sintetizadores em God Gets You Back, composição de abertura em The Bad Fire (2025, Rock Action), funciona como um delicioso preparativo para tudo aquilo que os membros do Mogwai buscam desenvolver no mais recente trabalho de estúdio da banda escocesa. São pouco menos de sete minutos em que cada elemento surge e desaparece em uma medida particular de tempo, proposta que ainda desemboca na labiríntica Hi Chaos, canção que evoca o Sonic Youth da fase Murray Street (2002).
Passada essa impressionante sequência de abertura que destaca a potência do grupo formado por Stuart Braithwaite, Dominic Aitchison, Martin Bulloch e Barry Burns, What Kind Of Mix Is This? evidencia o lado atmosférico da banda, como um regresso ao mesmo território criativo explorado em Rave Tapes (2014) e Every Country’s Sun (2017). Nada que a urgente Fanzine Made Of Flesh, vinda logo em sequência, não dê conta de perverter. São guitarras e batidas aceleradas que ainda se completam pelo raro uso dos vocais.
Com a chegada de Pale Vegan Hip Pain, fica bastante evidente o esforço do grupo em equilibrar momentos de maior aceleração com faixas profundamente contemplativas, nesse caso, uma melancólica costura de guitarras que reflete o caráter sentimental da obra. Esse mesmo direcionamento criativo ganha ainda mais destaque na música seguinte, If You Find This World Bad, You Should See Some Of The Others. A diferença está na gradativa mudança de direção da faixa que, em sua segunda metade, percorre um novo território.
Embora parta de uma abordagem equilibrada, alternando entre momentos de leveza e caos que destacam os temas instrumentais da obra, The Bad Fire reserva algumas surpresas. É o caso de 18 Volcanoes, música que concede ainda mais destaque aos vocais, soando como uma canção perdida do Slowdive em Souvlaki (1993). De fato, desde Hardcore Will Never Die, But You Will (2011) que as vozes não exerciam um papel tão importante dentro de um disco do Mogwai, conceito que naturalmente amplia os limites e força do material.
Claro que isso não exime o trabalho de algumas canções menos interessantes e musicalmente previsíveis. Oitava faixa do disco, Hammer Room talvez seja o melhor exemplo disso. Não se trata de uma criação ruim, mas quando observamos a complexidade de composições como God Gets You Back e Hi Chaos, difícil não criar comparações. Felizmente, a enérgica Lion Rumpus, revelada minutos à frente, traz o registro de volta aos eixos. Do uso ruidoso das guitarras às vozes carregadas de efeitos, tudo destaca a grandeza do grupo.
Para o encerramento do álbum, que traz como produtor o sempre requisitado John Congleton, o quarteto decidiu não economizar nos detalhes. Com mais de sete minutos de duração, Fact Boy traz de volta o que há de mais delicado no som da banda. São guitarras paisagísticas, incontáveis camadas de sintetizadores e efeitos que, não somente concluem o registro com excelência, como evidenciam a capacidade do grupo em continuamente surpreender o ouvinte mesmo após três décadas de atuação e outros grandes trabalhos.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.