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Crítica

Mombojó

: "Amigo do Tempo"

Ano: 2010

Selo: Independente

Gênero: Indie Rock, Pop Rock

Para quem gosta de: Mundo Livre S/A e China

Ouça: Amigo do Tempo e Triste Demais

9.2
9.2

Mombojó: “Amigo do Tempo”

Ano: 2010

Selo: Independente

Gênero: Indie Rock, Pop Rock

Para quem gosta de: Mundo Livre S/A e China

Ouça: Amigo do Tempo e Triste Demais

/ Por: Cleber Facchi 17/01/2020

Não seria uma surpresa se os integrantes do Mombojó encerrassem as atividades da banda após a entrega de Homem-Espuma (2006). Com a morte do flautista Rafael Torres, no ano de lançamento da obra, e a saída do violonista Marcelo Campelo, em 2008, tudo parecia convergir para o desfecho do grupo pernambucano. Entretanto, foi justamente partindo desse cenário turbulento que os membros remanescentes encontram o estímulo para a composição do maduro Amigo do Tempo (2010). De essência versátil, como tudo aquilo que o grupo havia produzido desde a estreia com NadaDeNovo (2004), o trabalho que contou com a co-produção de Pupillo, baterista da Nação Zumbi, Evaldo Luna e Rodrigo Sanches, vai do experimentalismo eletrônico ao pop tropical em uma estrutura sempre detalhista, proposta que se reflete até o som da radiante Papapa, faixa de encerramento do disco.

A principal diferença em relação aos registros que o antecedem está no evidente amadurecimento que embala a composição dos versos. “Eu pensei em deixar você, me livrar da dor e voar / Eu pensei em deixar você, me livrar da dor e crescer“, confessa Felipe S, vocalista da banda, logo na inaugural Entre a União e a Saudade, canção que sintetiza o lirismo agridoce que orienta a experiência do ouvinte até o último instante da obra. São composições marcadas pelo isolamento do eu lírico (Praia da Solidão), a melancolia dos dias (Triste Demais) e a busca por equilíbrio diante da inevitabilidade da passagem do tempo, conceito explorado com naturalidade na faixa-título do disco (“Almejo ser o amigo do tempo / Dar cabimento para o ócio é que eu não dou“). Um lento desvendar de ideias, melodias e experiências particulares, como um avanço claro em relação ao material produzido pela banda desde o início da carreira.



Este texto faz parte da nossa lista com Os 100 Melhores Discos Brasileiros dos Anos 2010 que será publicada ao longo das próximas semanas. São revisões mais curtas ou críticas reescritas de alguns dos trabalhos apresentados ao público na última década. Leia a publicação original.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.