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Crítica

Mr Twin Sister

: "Al Mundo Azul"

Ano: 2021

Selo: Twin Group

Gênero: Indie Pop, Synthpop, Sophisti-pop

Para quem gosta de: TOPS, Tennis e Toro Y Moi

Ouça: Expressions e Ballarino

7.4
7.4

Mr Twin Sister: “Al Mundo Azul”

Ano: 2021

Selo: Twin Group

Gênero: Indie Pop, Synthpop, Sophisti-pop

Para quem gosta de: TOPS, Tennis e Toro Y Moi

Ouça: Expressions e Ballarino

/ Por: Cleber Facchi 31/12/2021

Desde o início da carreira, os integrantes do Mr Twin Sister nunca pareceram seguir uma trilha muito convencional. De fato, sobrevive em cada novo registro do grupo formado por Gabe D’Amico, Eric Cardona, Andrea Estella e Udbhav Gupta a passagem para um território criativo completamente distinto. Do pop empoeirado que orienta as músicas do introdutório In Heaven (2011), ao flerte com o jazz no álbum seguinte, não são poucos os momentos em que o quarteto parece brincar com as possibilidades dentro de estúdio, proposta que volta a se repetir com as canções do inusitado Al Mundo Azul (2021, Twin Group).

Trabalho mais experimental já produzida pela banda, o registro segue de onde o quarteto parou no disco anterior, Salt (2018), porém, de forma ainda mais curiosa. É como se cada criação partisse de uma abordagem parcialmente distinta, jogando com a interpretação do ouvinte durante toda a execução do material. São canções que transitam por entre estilos de maneira sempre curiosa, proposta que ora aponta no som funkeado da década de 1980, ora estreita a relação com o pop latino dos anos 2010. Composições que funcionam, como um acumulo de tudo aquilo que o grupo tem produzido desde o início da carreira.

Não por acaso, cada composição escolhida para anunciar a chegada do disco parecia provar de temas e conceitos bastante específicos. Primeiro, o grupo deu vida à nostálgica Polvo, música que parece saída de algum álbum do Locomia, porém, dentro da estética do quarteto nova-iorquino. Nada que se compare ao material entregue em Ballarino, canção que resgata de forma ainda mais acessível e dançante a essência de In Heaven. Por fim, veio Beezle, faixa que vai de encontro ao som produzido por Prince no início da década de 1980, tratamento que vai do uso das guitarras ao minucioso encaixe da bateria eletrônica.

Entretanto, a real beleza de Al Mundo Azul sobrevive em toda a série de canções inéditas que o grupo apresenta ao longo do trabalho. É o caso de Carmen. São pouco menos de quatro minutos em que batidas inexatas ganham forma em meio a camadas de sintetizadores, ruídos, arranjos acústicos e versos cantados em espanhol, ampliando o campo de atuação do quarteto. A mesma riqueza de detalhes acaba se refletindo em Despoil, faixa que vai de encontro ao som produzido por veteranos como Talking Heads, porém, preservando a identidade da banda e o lirismo confessional que orienta as criações de D’Amico.

O mais interessante talvez seja notar como faixas lançadas antes mesmo do disco ser anunciado ganham novo sentido durante a execução de Al Mundo Azul. Exemplo disso acontece na ótima Expressions. Originalmente entregue ao público em março deste ano, a canção acaba se revelando coo uma peça importante do trabalho. Enquanto os versos refletem a poesia agridoce e desejos de D’Amico (“Passei todo o meu tempo sozinha / Você está na minha cabeça / Então você poderia se apressar, por favor, chegue aqui“), musicalmente, o registro parece sintetizar parte da trilhar percorrida pelo grupo ao longo da obra.

Nascido da colorida sobreposição de ideias e referências que apontam para diferentes campos da música, Al Mundo Azul mais uma vez evidencia a capacidade do Mr Twin Sister em transitar por entre estilos, porém, de forma sempre particular. Do momento em que tem início, em Fantasy, até alcançar a derradeira faixa-título, evidente é o esforço do quarteto em brincar com as possibilidades, ritmos e diferentes formas instrumentais. Um curioso exercício criativo que talvez peque pelo excesso de composições previamente apresentadas ao público, minimizando o ineditismo da obra, mas que seduz sem grandes dificuldades.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.