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Crítica

NewJeans

: "Get Up"

Ano: 2023

Selo: ADOR

Gênero: K-Pop, R&B, Eletrônica

Para quem gosta de: Le Sserafim e LOONA

Ouça: Super Shy, ETA e Cool With You

7.5
7.5

NewJeans: “Get Up”

Ano: 2023

Selo: ADOR

Gênero: K-Pop, R&B, Eletrônica

Para quem gosta de: Le Sserafim e LOONA

Ouça: Super Shy, ETA e Cool With You

/ Por: Cleber Facchi 28/07/2023

NewJeans, como parte expressiva da música pop sul-coreana, é o produto final da combinação entre diferentes realizadores dentro e fora de estúdio. Muito embora representado pela imagem das cinco integrantes do projeto, Minji, Hanni, Danielle, Haerin e Hyein, o grupo formado ano anterior tem como grande idealizadora a diretora artística Min Hee-jin, atual CEO do selo ADOR, responsável por catapultar fenômenos como Girls’ Generation, f(x), Exo e Red Velvet, além de produtores como Park Jin-su e 250. Entretanto, o que difere o quinteto de Seoul de tantos outros lançamentos despejados diariamente não é a estrutura formulaica adotada pela indústria, mas o esforço desse time em buscar por novas possibilidades.

Na contramão de outros nomes do gênero, que passaram grande parte da última década mirando em uma reinterpretação do R&B e rap norte-americano, Get Up (2023, ADOR), mais recente criação do quinteto sul-coreano, vai de encontro ao pop europeu, resgatando elementos que tanto apontam para a produção da década de 1990, como estreiam laços com o que há de mais fresco na cena atual. Não por acaso, parte expressiva das canções que integram o material contam com a assinatura de Erika de Casier, artista portuguesa naturalizada dinamarquesa, e acréscimos de Catharina Stoltenberg e Henriette Motzfeldt, da dupla Smerz, outro importante exemplar do som que vem sendo produzido na região da Escandinávia.

Dessa combinação de elementos vem o estímulo para as seis faixas que integram o registro, transitam por entre estilos e celebram o novo não apenas na construção das batidas, mas no sempre minucioso encaixe dos versos. “Veja, um novo eu / Mudei, quem é? / NewJeans / Tão fresco, tão limpo“, cresce a letra da introdutória New Jeans, um 2-step que passeia pelas pistas inglesas dos anos 2000 na mesma medida em que sustenta na curta duração do material um diálogo com o pop atual. Pouco menos de dois minutos em que parte expressiva dos elementos que orientam o trabalho são deliciosamente apresentados ao público.

Entretanto, é com a chegada de Super Shy, segunda faixa do registro, que o quinteto realmente diz a que veio. Enquanto os versos destacam aspecto emocional que orienta o trabalho (“Você nem sabe meu nome, sabe?“), lembrando a forte vulnerabilidade explícita nas canções de Carly Rae Jepsen durante a fase Emotion (2015), batidas sempre destacadas evidenciam a versatilidade do repertório montado para o NewJeans. É como um olhar atualizado para o drum and bass, proposta que vai de encontro ao mesmo território explorado por nomes como PinkPantheress, porém, preservando a identidade do quinteto.

Essa mesma riqueza de detalhes e ouvidos sempre atentos para a construção das batidas fica ainda mais evidente com a chegada da pulsante ETA. Mesmo que a letra da canção esbarre em pequenas repetições, mergulhando mais uma vez na temática dos amores incertos, difícil não se deixar conduzir pelo ritmo que soa como uma reinterpretação do som explorado por M.I.A. em músicas como XR2. É como um preparativo para o que se revela no pop soturno de Cool With You, composição que não apenas destaca a sensibilidade dos versos, como partilha do mesmo R&B futurístico que vem sendo incorporado por nomes como Kelela.

Passado o breve interlúdio da climática faixa-título, ASAP pontua o trabalho em uma abordagem que, mesmo próxima de outros exemplares do k-pop, encanta pelo refinamento estético e uso sempre calculado de cada elemento. São harmonias de vozes e camadas de sintetizadores que fazem lembrar das criações do LOONA, vide a suavidade explícita em registros como [+ +] (2018), porém, partindo de um tratamento minimalista. Canções que utilizam de conceitos há muito estabelecidos na indústria, mas que encontram em diferentes componente de ruptura o estímulo para a formação de um repertório próprio do NewJeans.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.