Ano: 2024
Selo: Concord
Gênero: Jazz
Para quem gosta de: Kamasi Washington e Ezra Collective
Ouça: The Seer, Odyssey e We Walk In Gold
Ano: 2024
Selo: Concord
Gênero: Jazz
Para quem gosta de: Kamasi Washington e Ezra Collective
Ouça: The Seer, Odyssey e We Walk In Gold
Em um intervalo de poucos anos, Nubya Garcia se transformou em uma das figuras mais requisitadas da cena inglesa. Do criativo diálogo com outros nomes do jazz, com quem deu vida ao colaborativo London Brew (2023), celebrando a música de Miles Davis, ao breve diálogo com o pop, em Some Nights I Dream of Doors (2022), obra que marca a estreia do nigeriano radicado em Londres Obongjayar, sobram momentos em que a saxofonista, compositora e arranjadora britânica deixa sua marca de forma bastante expressiva.
Embora presente em uma série de grandes lançamentos recentes, sobrevive nos trabalhos em carreira solo uma manifestação da verdadeira potência criativa de Garcia. Terceiro e mais recente álbum de estúdio da saxofonista inglesa, Odyssey (2024, Concord) funciona como uma boa representação desse resultado. São pouco mais de 50 minutos em que o ouvinte é transportado de um canto a outro do trabalho e convidado a provar de um imenso catálogo de ideias, ritmos e sonoridades que destacam a versatilidade da musicista.
Assim como fez em Source (2020), Garcia trata de cada composição como um objeto isolado, ampliando os próprios domínios, porém trazendo na escolha dos timbres e permanente imposição do saxofone um forte componente de amarra. Dessa forma, a artista passeia por entre criações grandiosas, como a intensa faixa-título do disco, e momentos de maior calmaria, caso da contemplativa Clarity, sem necessariamente fazer disso o estímulo para um registro desequilibrado, evidenciando o controle criativo que orienta o material.
É como se Garcia seguisse o mesmo trajeto criativo do também saxofonista Kamasi Washington no ainda recente Fearless Movement (2024), porém substituindo os excessos do músico norte-americano por uma obra essencialmente concisa. Com exceção da já citada faixa-título, as canções de Odyssey se resolvem em um intervalo de poucos minutos, o que está longe de limitar o trabalho da artista. Exemplo disso fica mais do que evidente em The Seer, composição que escancara a riqueza de ideias da instrumentista londrina.
Mais do que um exercício particular da saxofonista, Odyssey é um trabalho que se abre para a chegada dos mais variados colaboradores. Alguns são mais discretos, como o time de instrumentistas formado por Joe Armon-Jones (teclados), Daniel Casimir (baixo) e Sam Jones (bateria), já outros, como nas canções que destacam o uso dos vocais, são bastante explícitos. São nomes como Esperanza Spalding (Dawn), Georgia Anne Muldrow (We Walk in Gold) e Richie Seivwright (Set It Free) que ajudam a elevar a obra de Garcia.
Conceitualmente diverso, Odyssey reafirma a posição de Garcia como uma das figuras mais expressivas do jazz contemporâneo e ainda reforça o aspecto colaboracionista da compositora inglesa. Mesmo pontuado pela inserção de faixas que mais parecem um degrau para a canção seguinte, como Water’s Path e Solstice, permanece durante a execução do material o capricho da saxofonista e o esforço de seus parceiros em capturar a atenção do ouvinte pela riqueza dos detalhes mesmo nos momentos menos expressivos da obra.
Ouça também:
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.